Angelina, na sala da academia de ginástica, enquanto descansava, após
exercícios físicos, conversava com Teresa Almeida. As duas, sentadas na bancada
de cimento. Entre assunto e outro, Teresa quis saber de Angelina notícias de
Dona Nenzinha, a costureira delas duas, por muitos anos.
- A coitada morreu, Angelina.
- Morreu?… Mas como, Teresa? Dona Nenzinha tão alegre, brincalhona,
gostava de contar piada…
Angelina, então, contou-lhe a causa da morte da costureira:
- Você se lembra, Teresa, daquele filho único dela que o povo gostava de
chamar ele de Das Dores?
- Sim, me lembro.
- Pois certo dia, eu bebia café com sequilho com Dona Nenzinha, na
cozinha dela. De repente, nós duas ouvimos um grito vindo da janela da rua,
chamando uma tal de Dorinha. Quando Dona Nenzinha foi ver, era um travesti. E
quando ela tava mandando o nojento ir embora, aparece o José das Dores atrás da
mãe, segurando uma sacola grande com os seus pertences e se mandou com o viado,
de carro, mundo afora.
- Coitada da Dona Nenzinha, Angelina.
- E tem mais, Teresa. Dona Nenzinha caiu nos prantos. Ela nunca pensou de
ser o seu filho um daqueles. Se o pai dele tivesse vivo terminava matando o
filho. Aí, depois de seis meses, sem ela ter notícias do seu José das Dores,
Dona Nenzinha morreu por causa da depressão e de tanto desgosto.
Teresa Almeida deixou-se envolver na morte de Dona
Nenzinha e no filho da costureira. Foi preciso Angelina despertar a amiga para
o mundo da academia.
JN. Dantas de Sousa, Eurides.