Conversa em calçada 1 (Dantas de Sousa) - crônica

 

Chegada da noite. As duas vizinhas,  sentadas  na calçada,  pararam a conversa para  espiarem quem estava vindo. E depois do rapaz, a pé, passar por elas, sem cumprimentá-las, Conceição deitou a lenha:

- Bicho estúpido.  É um engabelador de primeira. Pois ela segue de novo no rumo da casa da otária. 

- É ele mesmo, Conceição?

- Como  dois e dois,  Dorinha.  Namorou  três meses com a  besta da Joana-de-dezinha. Não perdia uma noite, socado na casa da coitada. Depois se escapuliu. Agora, tá rumando a venta pra lá de novo. 

- E esse sumiço, o que deve ser, Conceição?

- Deixa de ser boba, Dorinha. Quer apostar comigo?  Ele estava  escanchado  no cangote duma besta. Agora está voltando de mansinho, que nem bode desconfiado, pra engabelar a besta da Joana de novo. É lá e cá. Você deve saber que nenhum homem presta?

- Isso eu sei desde menina, Conceição. E é assim desde que mundo é mundo.

Calaram-se, para esperar a vizinha da esquerda se sentar, debaixo do pé de castanhola, na calçada, entre elas. 

JN. Dantas de Sousa, Eurides.

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