Conversa em calçada 2 (Dantas de Sousa) - crônica

Depois do jantar, sentado na calçada de minha casa, Seu Cícero Piô começou a falar de um amigo seu, apresentando-o como homem trabalhador, esperto, inteligente:

 - Eu conheço ele desde muito tempo, professor. Ainda hoje meu compadre Zé Ferreira é um grande imaginário.

Antes de ele continuar sua conversa, perguntei-lhe:

- Seu Cícero, me diga o que quer dizer imaginário?

Diante da minha pergunta, Cícero Piô se assustou, arregalando os olhos, como de costume. Ficou a passar as mãos pelo rosto, que era mais um tique nervoso seu quando alguém o cortava numa conversa, ou em qualquer história que ele estivesse contando.

- Professor Batista, voltou a falar Seu Cícero Piô, nem parece que o senhor é um professor formado, de anel no dedo. Nem eu hem, que só sei o que é um O quando me sento em cima, na privada.

- Mas, Seu Cicero, nem tudo a gente pode saber E o que é mesmo imaginário?

Naquele instante, ele estufou o peito e bradou:

- Meu professor, meu compadre Zé Ferreira é um fazedor de imagem, imagem de santo e o que vier pela frente. Imagem de todo tipo de santo do mundo, só ele faz. 

JN. Dantas de Sousa, Eurides. 

Texto literário de Dantas de Sousa - conto

Texto literário de Dantas de Sousa - crônica

Texto literário de Dantas de Sousa - poema

Literatura do Folclore: Conto

Literatura do Folclore: Ditado e Provérbio

Literatura do Folclore: Qual o cúmulo de...