Santos Novais, vendedor de miudezas, recém-chegado
do Recife, achava-se sentado na calçada de um hotel, em Juazeiro do Norte.
Próximo a ele, Tõin, um dos lavadores de carro, estava sentado no
meio-fio da calçada, a chupar o pirulito.
- Ô Tõin, chamou-lhe o viajante, você pode ir
comprar uma carteira de cigarros para mim?
- Vou, senhor, agora mesmo. Fico puraqui só
pra servir os hóspedes.
- Pois compre, meu querido Tõin, uma carteira de
cigarro Carlton. Entendeu? Carlton. Leve essa nota e cuidado com o troco.
Segurando a cédula de dez reais (coisa que o
lavador era difícil pegar), Tõin se mostrou sorridente. Explicou-lhe que
qualquer mandado, ele estava fazendo era por obrigação sua pra qualquer hóspede
do hotel. E saiu em direção da bodega de Seu Zuca. Mas antes de Tõin dobrar a
esquina, o porteiro do hotel teve o palpite de chamá-lo. E, antes do lavador se
achegar mais, o porteiro lhe perguntou sério:
- Ô Tõin qual foi mesmo o nome do
cigarro que Seu Santo Novais mandou você comprar? Mostre a
ele, Tõin, que você é inteligente.
- Eu sei, eu sei, alegrou-se Tõin, sem alguns
dentes de cima. - É dum cigarro que tem lá no cartaz da bodega
de Seu Zuca.
- Então, como é o nome dele, Tõin? - perguntou-lhe
Santos Novais.
- É, é… é o mesmo do cartaz.
- Eu sei, Tõin. Mas qual é o nome que está na
carteira do cigarro?
- É, é... ah, agora me lembrei: Continental.
- Não é esse cigarro não, Tõin.
- É sim senhor. Meu pai só fuma dele. Eu tenho
as carteiras dele pra brincar.
De súbito, Santos Novais arrancou o dinheiro da mão
direita de Tõin. Com raiva, vociferou:
- Juazeiro do Norte tem cada doido.
JN. Dantas de Sousa, Eurides.