Conversa em consultório (Dantas de Sousa) - crônica

Encontrando-se adoentado, Seu Esperidião, depois de muita insistência da esposa, resolve ir ao posto de saúde, na companhia da filha mais velha. Ao se sentar diante do médico jovem, presta atenção à pergunta:

- Seu Esperidião, o senhor tem alguma coisa?

- Seu doutor, pra falar de jeito, eu tenho, sim sinhô. Eu tenho uma casinha, uma muié, já nos anos, e pra encurtar nossa conversa, uma reca de filho e de neto.

O médico procura se consertar:

- Seu Esperidião, que é que traz o senhor aqui?

- Doutor, mas quem me trouxe até aqui foi minha filha mais velha, a Concebida. Só que não deixaram a bichinha entrar.

Mesmo vendo que havia discordância de linguagem, o médico novo, busca adiantar conversa:

- Seu Esperidião, me diga: o senhor comeu comida carregada?

- Vige Maria, doutor. Deus me livre. O que a gente come é tudo comprado. Nem fiado eu compro na bodega.

Sem saber continuar o diálogo, o jovem médico ordena à assistente que faça entrar a filha do Esperidião.

JN. Dantas de Sousa, Eurides.

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