Anastácio, mais conhecido como Nastaço, vinha
acelerado sobre a bicicleta. De repente, não conseguindo desviar abalroou logo
em quem: a Mariona, que vinha andando pelo meio da rua.
- Tu é mesmo doida, Mariona. - gritou Anastácio se
pondo de pé e se limpando da queda.
- Eu sou doida, seu peste? Mas tu é um adoidado.
- Tu devia era trabalhar numa casa de
família, Mariona. Mas tu fica é a vida toda bangolando no meio da rua,
atanazando o povo.
- Quantas vezes, infeliz, eu já
mandei tu trabalhar?
- Estão vendo, minha gente, Mariona doida se faz de
doida.
Os que estavam ao redor afirmaram que Mariona era
doida de verdade e não adiantava Anastácio se trocar com ela não. E, enquanto
Anastácio se ajeitava na bicicleta, calado, a fim de prosseguir caminho, ouviu
a voz rasgada de Mariona falando para todos:
- Vocês, seus merdas, que vive me chamando de
doida. Mas doido é quem come bosta. E todo dia eu passo por aqui e nunca nem um
fio de quenga, nem uma rapariga da vida, me diz que eu ando comendo bosta. Me
prove.
Pouco a pouco os curiosos se afastaram, deixando
Mariona a monologar.
JN. Dantas de Sousa, Eurides.