Conversa em meio de rua (Dantas de Sousa) - crônica

 

Anastácio, mais conhecido como Nastaço, vinha acelerado sobre a bicicleta. De repente, não conseguindo desviar abalroou logo em quem: a Mariona, que vinha andando pelo meio da rua.  

- Tu é mesmo doida, Mariona. - gritou Anastácio se pondo de pé e se limpando da queda.  

- Eu sou doida, seu peste? Mas tu é um adoidado.

- Tu devia era trabalhar numa casa de família, Mariona. Mas tu fica é a vida toda bangolando no meio da rua, atanazando o povo.

- Quantas vezes, infeliz, eu já mandei tu trabalhar?

- Estão vendo, minha gente, Mariona doida se faz de doida.

Os que estavam ao redor afirmaram que Mariona era doida de verdade e não adiantava Anastácio se trocar com ela não. E, enquanto Anastácio se ajeitava na bicicleta, calado, a fim de prosseguir caminho, ouviu a voz rasgada de Mariona falando para todos:

- Vocês, seus merdas, que vive me chamando de doida. Mas doido é quem come bosta. E todo dia eu passo por aqui e nunca nem um fio de quenga, nem uma rapariga da vida, me diz que eu ando comendo bosta. Me prove.

Pouco a pouco os curiosos se afastaram, deixando Mariona a monologar. 

JN. Dantas de Sousa, Eurides.

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