Na Praça Padre Cícero, após sair de um bar,
Bezerrinha se encontrou com o colega de infância, também aposentado do Banco do
Brasil. E logo o primeiro assunto foi sobre política, puxado por Bezerrinha:
- Vitorino, esse menino que está sentado na cadeira
da prefeitura anda fazendo cada besteirada, uma atrás da outra. E logo neste
ano do Centenário de Juazeiro.
- Não chega a tanto, Bezerrinha. Os de antes
também fizeram suas cagadas. Você se lembra bem no seu tempo de vereador.
- Mas esse aí, Vitorino, esse aí, veio de
encomenda.
- Venhamos e convenhamos, Bezerrinha. O pior mesmo
é o partido dele andar destruindo o Brasil com corrupção, maracutaia e
roubalheira.
- Vitorino, isso já vem desde o tempo de Cabral.
Coincidência ou não, Cabral, ex-vereador, havia se
encostado aos dois. E a ouvir a flechada do Bezerrinha, procurou calar a boca
do "ex-adversário":
- Essa sua laia daqui, Bezerrinha, sempre teve rabo
preso, O que houve e ainda há de negócio mal feito pelo Juazeiro. Se fosse
mostrar, ano inteiro era pouco.
Vitorino, com seu jeito bonachão, buscou
conciliá-los:
- Meus queridos, meus queridos, tudo isso já vem
dos portugueses. Seu Ângelo da padaria sabe isso muito bem.
Com a gargalhada solitária de Vitorino, os dois,
Cabral e Bezerrinha, se afastaram por sentido diferente na Rua São Pedro, sem
ao menos olharem um para o outro.
JN, Dantas de Sousa, Eurides.