Conversa em quintal de casa (Dantas de Sousa) - crônica

Aníbal Batista quem recomeçou a conversa. Pouco minuto atrás, havia seu vizinho, Joaquim Leal, acabado de contar um fato, em que o personagem principal ele o chamou de um rapaz pobre de espírito. Houve uma pausa de silêncio. Foi aí que Aníbal iniciou a sua história.

Ele aguardava sua mulher sair do frigorífico. De dentro do carro, espiava Aníbal o rapaz. Já ia ele se tornando mendigo, sujo e barbudo, e tez de alcóolatra. Preparava o cigarro de maconha do outro lado da rua, à beira da linha do metroviário Juazeiro - Crato.

Atrás do rapaz, na amurada dos trilhos, havia o cartaz de um grupo de oração da Igreja Católica. Nele se via o rosto de Jesus e, acima, a oração “SEDE SANTOS”.

O rapaz acabou de ajeitar o cigarro, acendeu-o. Notando que eu o olhava, ele se usou de pantomima. Nas três vezes em que puxou o trago com força, ele pôs o cigarro na boca de Jesus. Não contente, jogou fumaça, de dentro de si, em Jesus.

A mulher de Aníbal entrou no carro. Enquanto ele manobrava o carro para seguir caminho, o pobre rapaz gritou rouco para Aníbal:  

-Tu e ele são dois otários. Vão se lascar.

- Que cabra pobre de espírito, Joaquim Leal protestou. - Tem mais, um desaforado, tipo desses de hoje.

E Aníbal completou:

- Isso era bem um filho do papai, de uma autoridade, ou de um doutor.

Resolveu, então, Aníbal chamar seu vizinho para tomarem o cafezinho dentro de casa.

JN. Dantas de Sousa, Eurides.

Texto literário de Dantas de Sousa - conto

Texto literário de Dantas de Sousa - crônica

Texto literário de Dantas de Sousa - poema

Literatura do Folclore: Conto

Literatura do Folclore: Ditado e Provérbio

Literatura do Folclore: Qual o cúmulo de...