Conversa em sala de jantar (Dantas de Sousa) - crônica

Ao ver Bento Júnior saindo de casa, Seu Alberto Bento Moreira, sentado à mesa, após o jantar, advertiu o filho caçula:

- Não se esqueça do que seu pai lhe diz, Alberto. Não se esqueça.

- Sempre a mesma coisa, papai. O senhor é de uma geração, e eu de outra.

- Não fale assim, Alberto. Quem ouve os pais não entra no caminho dos maus.

- Eu sei o que faço. Com dezoito anos, eu já sou adulto.

- Como adulto, deverá saber disto: ande com quem leva você para o Bem.

- Ouço isso desde criança. O mal está na cabeça de quem vive o mal.

- Não seja tolo, filho. Tolos são os que odeiam conselhos para o bem. Mas já que não ouve nem guarda nossos conselhos, pois guarde, pelo menos, este: quando vier a tempestade, ou tribulações, você saberá a quem recorrer.

- De novo. Já sei essas suas coisas de cor e salteado.

- Está bem. Daqui em diante, nem eu nem sua mãe voltaremos a alertar você. Quem come do fruto dos seus erros não terá boa digestão. Vá na paz de Deus.

Os dois anciãos aposentados ficaram sentados na sala de jantar a ouvir o automático do portão da garagem, o ronco do carro alto. E o silêncio dominou aquele casarão.

JN. Dantas de Sousa, Eurides.

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