Estudar é filosofar (Dantas de Sousa) - crônica

Dois colegas de Ensino Médio, em intervalo para merenda, enquanto comiam e bebiam refrigerante, conversavam na bancada de cimento, debaixo da castanhola. Após terminarem o lanche, um deles puxou conversa para o outro:

- Aquele professor de História tem mania de dizer: Aprendam a estudar. E eu fico imaginando: como é isso mesmo? Acho que é mais conversa dele.

- Quer saber de uma coisa, Marques? Nem é livro, nem professor, nem escola, que faz a gente estudar.

- E quem é então, Samuel?

- Pra mim, estudar é filosofar. Quer ver? Quando uma pessoa sente dor, quem é que toma o remédio? 

- Só a pessoa mesmo, Samuel.

- Pois pronto. Eu descobri  por mim mesmo, Marques, isto: ir pra escola é, pra muitos, frequência; é, pra menos, assistir às aulas; e, pra poucos, estudar.

- Como é mesmo, Samuel?  Fiquei sem entender.

- Preste atenção. Pergunto-lhe: quem tem de vencer as próprias dificuldades?

- No meu caso, só eu. Eu sozinho.

- Ora, há quem não gosta de Português, há quem não aprecia Física. Há quem não admite tirar nota baixa. Outro tem aversão pelo professor. E aquele que rejeita escola. Assim, Marques, cada um deve enfrentar as suas próprias dificuldades.

- Sabe, Samuel. Descobri: escola, professor, livro, isso é pra um aluno se orientar.

- Claro. Na vida, tem de saber: estudar se faz de dentro pra fora.

Tiveram de encerrar a conversa. A sirena lhes ordenou irem para a sala de aula.

JN. Dantas de Sousa, Eurides.

Texto literário de Dantas de Sousa - conto

Texto literário de Dantas de Sousa - crônica

Texto literário de Dantas de Sousa - poema

Literatura do Folclore: Conto

Literatura do Folclore: Ditado e Provérbio

Literatura do Folclore: Qual o cúmulo de...