Literatura do Folclore: Adivinha, adivinhão - conto

Era uma vez um homem que diziam que ele era muito sabido. Mas ele era infeliz nos seus negócios. Ele já estava ficando velho, porém continuava muito pobre como Jó. Um dia, ele pensou muito em melhorar a sua vida. E aí ele resolveu sair pelo mundo, se dizendo ser um adivinhão. E assim fez. Ele arranjou uma trouxa, botou a sua roupa dentro dela e, depois, se largou no mundo.

Depois de andar bem muito, chegou ao palácio de um rei. Lá, pediu licença para dormir. Quando estava jantando, o rei lhe disse que o palácio estava cheio de ladrões astuciosos. Foi aí que o homem se ofereceu para descobrir tudo. O rei então aceitou.

No outro dia, o homem passou do bom e do melhor, só que não descobriu coisa alguma. Na hora de comer, quando o criado trouxe o café, o tal adivinho exclamou, referindo-se ao dia que se passara:

- Um está visto. - e, naquele momento, o criado que lhe servia ficou branco de medo, porque era justamente um dos ladrões. 

No dia seguinte, veio outro criado ao anoitecer. E o adivinhão repetiu:

- O segundo está aqui. - e o criado que lhe servia, que também era gatuno, empalideceu-se e atirou-se de joelhos, confessando-lhe tudo. E ainda deu naquela hora o nome do terceiro cúmplice.

Assim, foram todos os três criados presos. E o rei ficou muito satisfeito com as habilidades do adivinho.

Dias depois, por infelicidade, roubaram a coroa do rei. Aí o rei prometeu uma riqueza para quem adivinhasse o ladrão. E o adivinho não perdeu tempo. Reuniu todos os criados numa sala e, lá dentro com eles, cobriu um galo com uma toalha. Depois, explicou que todos deviam passar a mão nas costas do galo. Aí, cada vez que alguém ia meter o braço debaixo da toalha, o adivinho fazia piruetas e dizia alto:

- Adivinha, adivinhão, a mão do ladrão.

Depois que todos eles acabaram de fazer o serviço, o adivinho pediu que cada um mostrasse a palma da mão que havia tocado no galo. Dois homens estavam com as mãos limpas. Os demais, sujos de fuligem.

- Prendam esses dois, gritou o adivinho, que são eles os ladrões da coroa.

Os homens foram presos. E, por sorte dele, eram eles mesmos os ladrões. Assim, a coroa foi achada. E o adivinho explicou a manobra ao rei. O galo estava coberto da sujeira de carvão de uma panela. Por isso, deixava preta a mão de quem lhe tocasse nas costas. E os dois ladrões, que não quiseram arriscar a sorte, fingiram apenas que passaram a mão na panela, ficando com as mãos limpas.

Por causa de sua astúcia, o rei deu muito dinheiro ao adivinhão. E ele voltou rico para a sua terra.

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