Literatura do Folclore: As duas mulheres teimosas - conto

Num tempo muito atrás, havia um rapaz que ficou apaixonado por uma moça muito bonita e rica. Mas o rapaz foi avisado pelos seus amigos de que ela possuía um defeito bastante grave: que a moça era muito teimosa. Teimava que teimava sem que ninguém pudesse a convencê-la.

O rapaz, que já gostava demais da moça, decidiu-se a pedir ao pai dela a mão da filha em casamento, mesmo diante de tantos conselhos dos amigos. Mas o futuro sogro, com pena do pobre rapaz, chamou-o para uma conversa com ele sozinho. E lhe disse a mesma coisa que os outros diziam de sua filha. O pai lhe confessou que a filha era uma boa dona de casa, uma moça honesta, muito econômica e séria, só que ela teimava feito jumento.

- Mas o senhor não se preocupe não. - respondeu o rapaz para o pai da moça.

- Não se incomode, deixe isso por minha conta.

Chegou o dia do casamento. A festa foi muito animada. No fim da festa, os dois foram levados para a casa que foi preparada para os dois, e todos os convidados foram embora muito satisfeitos com a grande festa.

Lá dentro da casa, os dois recém-casados ficaram conversando o tempo todo. Quando já era meia-noite, um galo começou a cantar. O marido, sem gostar daquilo, falou para a esposa:

- Mas que coisa, querida. Eu pedi ao galo que ele deixasse aquela cantiga para mais tarde e ele não me obedeceu.

Lá para as tantas da madrugada, enquanto os dois ainda continuavam conversando, outro galo começou a cantar. O marido falou de novo:

- Mas que galo mais teimoso. Se ele voltar a cantar de novo, vai ter um bom castigo.

Para surpresa dos dois, o galo voltou a cantar. Naquele instante, o marido foi atrás de sua espada, desembainhou-a e saiu. Dali a pouco, retornou com o galo atravessado na lâmina da arma. Espetou-a num canto do quarto e falou para a sua assombrada esposa:

- Está vendo aqui, mulher? Pra quem gosta de teimar, eu tenho é ponta de espada.

Toda se tremendo de medo, a mulher ficou encolhida num canto da casa. E dali pra frente ela nunca mais se meteu a teimar com as pessoas. E, assim, os dois viveram muito bem e felizes.

Quando o sogro soube do que havia se passado com a sua filha, ficou muito surpreso por ver a sua filha obediente ao marido, sem nunca mais teimar com ele. E perguntou ao genro qual foi o segredo daquilo. E o genro lhe contou como tudo havia acontecido.

O sogro voltou para casa e foi fazer com a sua velha esposa o mesmo que o seu genro fizera com a sua filha. Quando chegou à noite, assim que o galo cantou, ele deixou a cama e voltou com o pobre bicho espetado numa faca. E disse para sua velha muito sério:

- Está vendo aqui, mulher? Pra quem gosta de teimar, eu tenho é ponta de espada.

A velha se remexeu devagar na cama e sem se ter nem um pingo de medo daquilo, respondeu calma ao marido:

- Você perdeu seu tempo, seu besta. A gente só mata galo é na primeira noite. 

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