Contam que, antigamente, vivia sozinha uma mulher chamada Birimoddo (nome que também se dá a homens), de modo que não tinha ninguém que lhe preparasse um pouco de comida, para quando ela voltasse cansada da floresta, alguém a auxiliasse nos afazeres domésticos.
Um dia, porém, ao voltar da mata, teve a feliz surpresa de encontra sua aria (panela de barro cozido)cheia de kuiadda kuru (iguaria geita de farinha de milho).
Entre espantada e feliz, Birimoddo exclamou:
- Wo iogudubá coia ba ure i ke rogo pemegaddo tu iwogai ? (Oh, quem terá preparado a comida para mim?).
Mas, com a fome que estava, Birimoddo não perdeu tempo em procurar quem tinha cozinhado para ela. E se pôs logo a comer.
Nos outros dias que se seguiram, Birimoddo encontrou sempre sua kuiadda kuru. E ela estava desejosa de saber quem lhe fazia tal favor. Às suas indagações, Birimoddo soubera apenas que, durante as suas ausências, havia em casa muito barulho e sonoras gargalhadas. Quem poderia ser se, com ela, na cabana, viviam apenas duas pombas, das quais tratava com todo o carinho?
Era grande o desejo que Birimoddo tinha de compreender o que se passava. Mas não o conseguiu.
Finalmente, pensou num estratagema: resolveu fingir que ia à mata, em busca de frutas. Tomou okoddo (cesta feita de folhas de palmeira) e saiu.
Voltou mais cedo do que costumava. E, ao se aproximar da cabana, pôs-se a andar vagarosamente e parando, de quando em quando, para escutar. Sem dúvida, alguém deveria estar na cabana. Ouvia-se a conversa de duas vozezinhas suaves. Ouviam-se gargalhadas tão sonoras que era um gosto ouvi-las.
Birimoddo abriu imediatamente a porta. E ela viu duas meninas, ocupadas em preparar a kuiadda kuru. As meninas procuraram logo voltar ao seu estado normal, mas não tiveram tempo, porque Birimoddo o impediu, dizendo-lhes:
- Ta gaba, ta begadda. Itorewu tagui. (Não se transformem. vocês serão minhas filhas).
Em seguida, Birimoddo tomou as duas meninas amorosamente. Ela se sentou sobre os joelhos e pôs-se a abraçá-las e a acariciá-las.
Birimoddo compreendera tudo perfeitamente: as duas pombas se transformavam em meninas e lhe preparavam a comida.
Daí em diante, viveram as três muito felizes, como se fossem realmente uma mãe com duas filhas.