Há muito tempo, muito tempo atrás, existia um homem chamado Nicolau, que era muito grande e forte. Mas também ele era muito velhinho. As barbas eram muito brancas e quase lhe tocavam no peito. E o seu cabelo era comprido e estava sempre em desalinho.
Um dia, seu Nicolau se sentou ao pé da janela e ficou a meditar. A certa altura, olhou através da vidraça. Estava no tempo do inverno e fazia muito frio. Os vários pinheiros do seu jardim estavam cobertos de um manto espesso e branco. E enquanto o velhinho meditava, avistou umas pegadas na neve. Aquilo lhe despertou a sua atenção.
Um pouco mais adiante dele, se achava um mendigo. Aquele pobre homem era como quem não tinha onde morar, além de estar mal agasalhado, descalço e sozinho.
Seu Nicolau, que tinha um coração de ouro, abriu a janela e chamou-o:
- Vem cá, meu bom homem. - e imediatamente lhe perguntou: - Onde você mora, se é que tem casa?
- A minha casa? Eu não tenho casa.
- E a sua família?
- Eu nunca conheci as pessoas da minha família, fora a minha avó, que morava só comigo. Mas ontem ela morreu. Não aguentou de tanto frio deste inverno.
- Meu Deus, lamentou seu Nicolau. - Mas, que vida tão triste é essa tua! E agora, meu bom homem. Com quem você vai viver? É sozinho, então?
- Sim, sim. - respondeu o homem com mais tristeza no rosto. - Agora, eu tenho de viver é sozinho.
- Mas… e com frio, mal agasalhado e descalço? Você bem que está precisando de um par de sapatos, de roupas. Espere aí, que eu vou pedir à minha mulher que arranje uma roupa para você, que eu próprio vou fazer, como sapateiro que sou, um par de sapatos. Mas eu vou lhe pedir que colabore comigo.
- Oh, estou muito grato ao senhor, disse o homem. - Mas, então, que é que eu devo fazer para colaborar com o senhor tão caridoso?
- Eu vou, eu vou explicar tudinho. Preste atenção. A minha esposa vivia me dizendo que eu estava precisando de um trabalho para eu me entreter. Aí, eu fiquei um bocado confuso. E me perguntava: como é que eu poderia arranjar um emprego de um dia para o outro? E, então, quando avistei você, me lembrei-me de um bom passatempo para nós dois. A minha ideia é nós dois construirmos uma fábrica de brinquedos. Nela, a gente vai trabalhar todo o ano e a gente vai construir bonitos presentes, que a gente deve dar aos meninos bem comportados no final do ano. Nós vamos dar também um nome à data da entrega dos presentes. Ah, já sei, vamos chamar de Natal, por causa do nome da minha mulher, que é Natália.
Depois de ouvir tudo aquilo de seu Nicolau, o homem declarou:
- O senhor tem uma ideia muito interessante. Eu acho o senhor uma pessoa santa.
- Ô, ô, ô, eu não sou, não sou santo. Quero ser apenas o pai do Natal! É um bom nome para quem inventa o NATAL!
- Mas, perguntou o homem já bastante interessado, quando é que vai ser o NATAL?
- Eu não tinha pensado nisso, meu bom amigo. Já sei, pode ser no dia em que nasceu Jesus. Ele vai ficar muito orgulhoso de nós. Portanto, o Natal vai ser é no dia vinte e cinco de dezembro.
Depois de os dois rirem bastante devido ao plano estar dando certo, seu Nicolau ficou sério e perguntou ao homem:
- Mas meu bom homem, como é o seu nome?
- Meu nome é Cristóvão.
- Ô, ô, ô, muito bom esse nome: Cristóvão. Agora, vamos, vamos já contar tudo à minha mulher.
Natália ficou encantada com a ideia do marido e se prontificou logo a chamar todos os duendes para ajudarem na construção da fábrica. E os duendes se empenharam mais que nunca na sua construção. E, em menos de cinco dias, a fábrica ficou toda pronta. E, ainda, todos os duendes tiveram de trabalhar em velocidade máxima, pois o Natal já estava próximo.
Na véspera do Natal, os duendes carregaram os presentes até o trenó e Cristóvão pôs todos eles dentro do saco enorme de seu Nicolau. À meia-noite em ponto, o trenó cruzou o céu, puxado por renas, carregando o saco dos presentes. Claro, com o pai do Natal e ajudado por Cristóvão.
E, assim, desde aquele dia até hoje, a fábrica não parou mais de trabalhar. Todos os anos, a fábrica de brinquedos de seu Nicolau e Cristóvão recebe dezenas de cartas de todos os meninos e meninas do mundo, a encomendarem os seus presentes de natal. E todas as cartas são respondidas bondosamente.