Há muito, muito tempo, havia um menino chamado João que vivia com a sua mãe numa pequena cabana na floresta. Como eram muito pobres, a mãe do João tinha de trabalhar muito: eram horas e horas a costurar e a remendar roupa. E o João o que fazia? Nada. Durante o inverno, era visto sentado em frente ao quentinho da lareira. Já no verão, o que ele gostava era de se sentar lá fora, no jardim, a apanhar sol na cara. E era assim que ele passava os dias. Mas, certa vez, a sua mãe lhe disse:
- Quem não trabalha, não vence. Você tem de começar a trabalhar, João.
E lá foi João. O primeiro emprego que ele arranjou foi na casa de um lavrador, que lhe deu uma moeda por um dia de trabalho no campo. João colheu o trigo, levou as vacas a passear e, ainda, deu de beber aos animais. O lavrador, muito satisfeito, deu-lhe a recompensa prometida.
Só que, já a caminho de casa, João tropeçou e deixou cair a sua moeda num riacho. Ao chegar a sua casa, contou à mãe o que lhe tinha acontecido.
- Mas você é um tonto, João. Por que não guardou a moeda no bolso? - repreendeu-lhe a mãe.
- Prometo a senhora que, da próxima vez, vou botar no bolso.
No dia seguinte, João foi contratado por outro lavrador para levar o rebanho para pastar. Só que, em vez de receber uma moeda, João ganhou um jarro de leite fresco, acabadinho de sair da vaca. Aí ele botou o jarro de leite no bolso e foi para casa. Mas, a medida que ia andando, o leite ia caindo no chão. E, quando chegou à sua casa, não tinha leite nenhum para dar à mãe.
- Mas você, meu filho, não sabia que devia trazer o leite à cabeça? - brigou a mãe.
- Prometo, minha mãe, que da próxima vez vou fazer o que a senhora me disse.
Mais um dia de trabalho e mais uma recompensa. Daquela vez, foi um queijo amanteigado. E João decidiu levar o queijo na cabeça. Só que, com o calor, o queijo acabou por derreter.
- Mas João, gritou-lhe a mãe, mas por que você não trouxe o queijo na mão?
- Prometo, minha mãe, que da próxima vez vou fazer o que a senhora me disse.
No dia seguinte, João foi ajudar o padeiro a preparar o pão. E recebeu dele, como recompensa, um belo gato. Todo contente, João segurou o animal entre as mãos e seguiu, com o animal, o caminho da sua casa. Mas, como o gato era muito irrequieto, acabou saltando-lhe das mãos e fugiu. João ainda correu atrás dele, mas o gato era muito mais esperto e escondeu-se entre o mato.
Quando chegou a sua casa, a mãe praguejou mais uma vez:
- Sabe o que você devia ter feito, meu filho? Devia ter amarrado de corda o gato e puxado ele.
- Prometo que da próxima vez, prometeu João, vou fazer o que a senhora me disse.
No dia seguinte, João foi trabalhar num sítio. Depois de uma manhã de trabalho, João recebeu um belo e saboroso presunto. Aí ele pegou o presunto, amarrou-o numa cordinha e saiu arrastando-o. Só que, quando ele chegou a sua casa, o presunto já estava cheio de pó e ninguém queria comê-lo.
- Meu filho, reclamou de novo a mãe de João, o presunto era para ter sido carregado às costas.
- Prometo, minha mãe, que da próxima vez vou fazer o que a senhora disse.
Depois de uma noite descansada, João foi trabalhar na casa dum criador de jumento. E, ao final do dia, recebeu, como pagamento, um jumento. Então, ele não deixou de seguir os conselhos da mãe. Levou o jumento às costas.
A caminho de casa, João passou pela casa de um homem muito rico que tinha uma filha muito bonita, chamada Maria. Ela tinha um problema: que ninguém a conseguia fazer rir. E o pai dela havia prometido que, quem fizesse a sua filha rir, iria casar com ela.
E foi isso que aconteceu. Muito aborrecida, Maria estava à janela quando viu um rapaz, muito encarnado, carregando um burro às costas. De repente, ela soltou uma enorme gargalhada que encheu a grande casa. Todos vieram ver o que tinha acontecido.
Por causa disso, uma semana depois, João e Maria se casaram e passaram a viver felizes para sempre, na mansão do pai de Maria. Daquele dia em diante, João nunca mais precisou trabalhar.