Um dia, uma moça disse a sua mãe:
- Minha mãe, vou procurar marido. Estou padecendo muito de fome e não posso continuar assim.
A mãe nada lhe disse, e a moça saiu. Foi andando, andando, até chegar a uma encruzilhada, onde havia três caminhos. Aí, parou e perguntou a si mesma: “Qual será o caminho de inajé? (espécie de gavião, muito bonito, no Brasil).
Pôs-se a observar e viu que, num dos caminhos, havia penas de inhambu. Então, pensou: “Deve ser este o caminho de inajé”. Foi caminhando por ele. Andou muito. Ao fim do caminho, encontrou uma casa, a cuja porta estava sentada uma velha, à beira do fogo.
- Você é a mãe de inajé? - perguntou-lhe a moça.
- Sou eu mesma. Por quê?
- Vim aqui para me casar com ele.
- Bem, disse a velha, mas acontece que meu filho é gente muito brava. Por isso vou esconder você.
E escondeu a moça. A verdade é que a velha era uma impostora. Não era mãe de inajé, e sim a mãe do gambá.
Pela tarde, o filho voltou, trazendo a caça, que eram pássaros.
A mãe pegou os pássaros e preparou-os para a janta. Quando a mãe e o gambá estavam começando a comer, a mãe dele lhe perguntou:
- Meu filho, se chegasse aqui um habitante de outros lugares, que é que você faria?
- Eu o convidava, mãe, para comer conosco.
A velha chamou a moça. E convidou-a a comer com eles. O gambá ficou todo alegre, porque a moça era, em verdade, muito formosa.
Quando chegou a hora de se deitarem, o gambá foi dormir com a moça. Mas a moça o enxotou, dizendo-lhe:
- Eu não quero de jeito nenhum dormir com você. Você é muito catinguento.
O gambá não fez nada. E foi dormir sozinho. A noite se passou. E, pela manhã, quando o gambá saiu, a velha chamou a moça e mandou-a juntar lenha no mato, para o fogo. A moça preparou-se e foi, Mas não voltou mais.