Literatura do Folclore: A montanha da rainha de ouro - conto

Uma vez, havia um moço que cuidava do gado no campo e comia numa clareira. Certo dia, ele, sentado, viu um rato pular para dentro de um zimbro. Curioso, decidiu procurá-lo. Ao se abaixar, caiu e adormeceu. Adormeceu e sonhou que ia visitar a princesa que vivia na montanha da rainha de ouro.

No dia seguinte, mais uma vez, foi cuidar do gado. Inesperadamente, chegou à mesma clareira, onde almoçou novamente. Viu de novo o rato. E quis segui-lo. mas caiu, adormeceu e sonhou com a princesa na montanha da rainha de ouro. Sonhou que, para atingir a montanha, era preciso possuir trinta quilos de ferro e um par de sapatos também de ferro. Acordou e, apesar de tudo haver sido apenas um sonho, meteu na cabeça que haveria de encontrar a tal de montanha da rainha de ouro. Assim pensando, voltou para o sítio com o gado.

No terceiro dia, sempre com o gado, apressou-se em atingir o ponto onde vivia sonhos extraordinários. Mais uma vez se apresentou o rato. Quando o rapaz quis segui-lo, adormeceu, como nos dias anteriores, porém sonhou que a princesa da montanha da rainha de ouro vinha pessoalmente colocar uma carta e uma corrente de ouro no seu bolso.

O rapaz não tardou em despertar. Com grande assombro, encontrou, no seu bolso, os dois objetos com que sonhara: a carta e a corrente. Diante disso, ele não desejou mais cuidar do gado. Tratou de conduzi-lo de para o sítio. E, em seguida, correu à cavalariça em busca do seu cavalo. Vendeu-o e, com o dinheiro obtido, comprou trinta quilos de ferro e um par de sapatos também de ferro. Assim, com os trinta quilos de ferro, ele fez pás, calçou os sapatos e saiu andando pelo mundo afora.

Durante algum tempo, viajou por terra. Finalmente, atingiu um lago. A princípio, remou com uma pá. Depois, com outra. Remou por longo tempo. E, com afinco, por fim chegou a um prado verde onde não havia nenhum bosque. Caminhou, caminhou, pelo prado. De súbito, viu na sua frente uma colina, de onde saía fumaça. Olhando melhor, viu sair uma mulher de oito metros de altura. Perguntou-lhe que caminho ele devia seguir para chegar à montanha da rainha de ouro. E a mulherona lhe respondeu:

- Não sei. Pergunte à minha irmã, que tem oito metros mais do que eu e mora numa colina que é fácil de encontrar.

Ele obedeceu à mulher grande. E, assim, conseguiu chegar a uma colina igualzinha à primeira, de onde também saía fumaça. Apareceu diante dele uma mulher de elevadíssima estatura. E ele perguntou-lhe que caminho ele devia seguir para atingir a montanha da rainha de ouro.

- Não sei, respondeu ela. - Pergunte a meu irmão, que tem oito metros mais do que eu e mora numa colina pouco distante daqui.

Para lá, rumou o rapaz. Chegou e viu sair fumaça da colina. Bateu. Imediatamente, surgiu um homem, um verdadeiro monstro, de tamanho descomunal, cerca de vinte e quatro metros. O rapaz lhe perguntou como acharia o caminho para a montanha da rainha de ouro. Nesse instante, o gigante, pegando um apito, apitou para todas as direções. Da floresta, acorreram todos os animais. Em primeiro lugar, um urso. O gigante perguntou ao urso qual era o caminho para a montanha da rainha de ouro. Mas a fera não soube responder-lhe. Então, o gigante apitou de novo para todas as direções, chamando os peixes. Acudiu, em primeiro lugar, a baleia, que não soube dar resposta à pergunta. Mais uma vez, o medonho gigante apitou para todas as direções, conclamando as aves. A primeira em aparecer foi a águia que respondeu à pergunta:

- Sim. Eu sei onde fica.

- Nesse caso, retrucou o gigante, leve o rapaz para lá. E trate-o bem.

A águia respondeu que sim. Então, o rapaz acomodou-se no seu costado. E ela, voando por sobre florestas, campos, montes e vales não tardou em atingir o mar. O rapaz só via céu e água. De repente, a águia, baixando, deixou o rapaz mergulhar as pernas na água até os tornozelos e perguntou-lhe:

- Está com medo?

- Não, respondeu ele altivamente.

A águia continuou a voar por mais algum tempo. De repente, deixou o rapaz mergulhar até os joelhos e tornou-lhe a perguntar:

- Está com medo?

- Sim, respondeu o rapaz. - Mas não se esqueça de que o gigante lhe ordenou que me tratasse bem.

- Está realmente com medo? - insistiu a águia.

- Sim. - foi a resposta do moço.

- Pois o mesmo medo que você experimenta agora experimentei eu quando a princesa lhe pôs a carta e a corrente de ouro no seu bolso.

Enquanto dialogavam, chegaram a uma elevada montanha, numa de cujas encostas havia uma grande porta de ferro. Bateram à porta, e uma criada, abrindo-a, mandou o rapaz entrar. Aí, o rapaz foi muito bem acolhido e ficou lá. Mas a águia, despedindo-se, voltou para o lugar de onde viera.

O rapaz pediu à criada alguma coisa para beber. Imediatamente, ela lhe ofereceu uma caneca com deliciosa e fresca bebida. Quando o rapaz acabou de beber, no ato de devolver a caneca deixou cair, dentro dela, a corrente de ouro. A criada foi levar a caneca à ama (tratava-se precisamente da princesa na montanha da rainha de ouro). E a princesa, olhando para dentro do recipiente, reconheceu a corrente de ouro. E perguntou à criada:

- Chegou alguém aqui?

Diante da resposta afirmativa da criada, a princesa lhe ordenou:

- Mande-o entrar.

Mal viu o moço, imediatamente a princesa lhe perguntou se ele tinha também uma carta. Ele tirou-a do bolso e entregou-a. Após a princesa lê-la, exclamou a jovem princesa num transporte de alegria:

- Finalmente, estou livre. Finalmente, estou livre.

Num instante, transformou-se a montanha no mais esplêndido castelo, cheio de preciosidades, com criados e grande conforto. Não sabemos ao certo se a princesa e o moço se casaram, mas parece que sim...

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