Literatura do Folclore: A natureza do morcego - conto

 

Era uma vez, um reino muito grande, onde os animais mamíferos e os pássaros entraram em guerra.  Nesse momento, abriu-se um grande debate sobre em que grupo o morcego deveria lutar, já que ele era um grande esperto e estava, todo o tempo, teimando em ficar afastado dos dois lados.

Quando os pássaros venceram a guerra, mantiveram o poder sobre os mamíferos, por quarenta anos seguidos.  Observando esse poderio das aves, o  morcego  juntou-se a elas. E aí desfrutou dos benefícios que lhe cabia, por ele ter ficado ao lado dos dominadores.

Mas, um dia, o leão e o tigre, desesperados por reverter aquela situação insuportável, decidiram que algumas novas medidas teriam que ser tomadas, para trazer paz ao reino.  As coisas não poderiam continuar daquele jeito como estavam.  Só que essa decisão foi totalmente ignorada por todos os animais, que acreditavam que a sorte estava do lado dos pássaros.  Assim, as brigas entre pássaros e animais recomeçaram, sem dar um instante de trégua.

Numa certa discussão,  os animais resolveram espionar os movimentos do morcego. Todos eles já haviam percebido que ele sempre se mostra neutro, ou seja, não escolhia de que lado estava.  Então, os animais pediram à raposa que prendesse o morcego e o trouxesse para um inquérito, junto aos líderes dos animais. 

O morcego foi condenado, por pretender ser leal a ambos os lados. E os animais exigiram uma explicação do morcego.  Foi aí que o morcego disse, diante de todos os animais do inquérito, que havia seguido o conselho de sua esposa, que o havia convencido a ficar pronto para aderir a qualquer um dos lados que vencesse. Pois a intenção era de receber recompensa do lado vencedor.

O morcego foi repreendido de modo severo. Consideraram-no desleal. E, por isso, o morcego acabou sendo preso, para esperar o julgamento ao final da guerra.  

Por dez longos anos, o morcego ficou preso, até que a guerra acabasse.  Por fim, as aves foram derrotadas.

Com a chegada do dia do julgamento, o morcego, achando que o caso era muito complicado para se defender por conta própria, decidiu contratar um esperto advogado para sua defesa. O advogado o defendeu, dizendo a todos que seu cliente tinha pleno direito de se alinhar com qualquer um dos lados, de acordo com sua vontade. Sua opinião estava baseada na anatomia do morcego.   Pois ele não era um pássaro, apesar de ter asas e ser capaz de voar.  No entanto, insistiu que, quando o morcego estava no ar, não invadia o território de ninguém.  Pois eles tinham de admitir que voar era o seu elemento.   Por outro lado, coberto por pelo, o morcego tinha dentes e grandes orelhas, que nenhum pássaro apresentava.

Levando tudo isso em consideração, não parecia haver dúvidas: o morcego tinha qualidades que o permitiam ser considerado tanto um animal mamífero quanto um pássaro, ou ambos. E estava, assim, livre para se juntar a qualquer um dos grupos do reino.

Texto literário de Dantas de Sousa - conto

Texto literário de Dantas de Sousa - crônica

Texto literário de Dantas de Sousa - poema

Literatura do Folclore: Conto

Literatura do Folclore: Ditado e Provérbio

Literatura do Folclore: Qual o cúmulo de...