Contam que um homem saiu para caçar. E terminou se perdendo no mato. Quando a noite já ia alta, ele procurou um lugar para dormir. E, depois de encontrar um grande buraco de árvore, ele se deitou.
De madrugada, veio a cobra-grande e lhe disse:
- Arrede-se. Arrede-se daí.
O homem disse à cobra-grande:
- Não tenho para onde ir, meu avô.
A cobra-grande disse-lhe:
- Então, cheire a minha catinga.
A cobra soltou um vento e, depois, lhe perguntou:
- Está cheirando?
- Está sim. Está cheirando, meu avô.
Com o mau-cheiro, caíram todos os cabelos do homem. Mas, de repente, o homem ouviu o acauã cantar. E o homem deu um fundo suspiro e falou alto:
- Ah, meu avô. Meu avô.
A cobra-grande logo lhe perguntou:
- Aquele é seu avô?
- Dizem que sim, que ele é o meu avô. - respondeu-lhe o homem.
- Então, vá-se embora, disse-lhe a cobra-grande. - Mas não diga a ele que eu estou aqui.
O homem foi embora. E ele encontrou o acauã. E ele foi logo dizendo-lhe:
- Meu avô, a cobra-grande está ali atrás.
O acauã pediu ao homem que fosse com ele ao encontro da cobra-grande. Foram os dois. Lá, cortaram um pau e, em seguida, assaram a cobra-grande. Depois, o acauã levou o homem de volta à sua casa.