Certo dia, o anu e a canarinha fizeram seus ninhos na mesma árvore. Mas, num belo dia de sol, quando a canarinha saiu para ir buscar comida, o anu foi até o ninho dela. E, ao ver o filhotinho tão bonito, amarelinho como gema de ovo, ficou com muita inveja, pois seu filhote era preto e feio de meter medo.
Então, o anu roubou o filhotinho da canária. E levou-o para o seu ninho, pondo seu filhote no lugar do da vizinha.
Quando a canária chegou, e viu aquela coisa tão preta no seu ninho, ficou muito angustiada e saiu louquinha a procurar por toda a parte o seu filhote. Mas, como não o encontrava, começou a chorar e a cantar:
“Naneê-ê, naneê-ê, / Nunga, calunga, / Calunga-ê, / Chamo, nam chamo, / Chamo, nam chamo / Chá-chá-ouê…”
O filhote da canária, ao ouvir a voz de sua mãe, mais que depressa lhe respondeu, lá do ninho do anu:
“Namo-nanguê…”
Ao ouvir a voz de seu filhote, a canarinha foi voando, voando, voando e cantando o tempo todo, sem parar. Cada vez em que o filhote lhe respondia, ela localizava a voz. Assim, sempre cantando foi chegando, chegando e chegando ao ninho do anu. Até que, finalmente, encontrou seu filhotinho. E, imediatamente, carregou-o. E foi-se embora dali, indo fazer um novo ninho, bem longe daquela árvore onde ela morou com o invejoso anu.