Literatura do Folclore: O casamento da raposa - conto

Certa vez, a comadre raposa, cansada de viver sozinha, decidiu casar-se. E não perdeu tempo. Bem depressa, a bicharada soube que a comadre raposa estava de casamento tratado com o compadre lobo. Vejam só, logo dois grandes inimigos.

O casamento não poderia durar muito tempo. E os bichos de toda espécie começaram a levar presentes à comadre raposa, com a devida licença do rei deles, o leão.

Pois bem, vendo todo aquele agrado, mestre leão, que devia obrigações à raposa, sempre muito astuciosa para fazer o que ele mandava, imaginou um presente para lhe dar. Mas tinha que ser muito melhor que o presente dos outros. E resolveu assim: iria dar para ela escolher um dia de sol, ou um dia de chuva, para o seu casamento. E, assim, chamou a raposa para lhe perguntar o que ele iria preferir:

- Me diga uma coisa, comadre raposa. Que quer que eu lhe dê de presente no dia do seu casamento com o lobo? Como você sabe, eu sou o rei dos animais. Governo sobre todas as coisas. Eu sou até capaz de fazer parar o sol e de fazer chover, quando bem quiser. Pois então, você quer um dia de sol, ou de chuva?

E a raposa, toda derretida, disse para o rei, entre mesuras:

- Bom, isso é verdade, rei leão. O senhor é quem pode mesmo.

- Então resolva o que você vai querer. - ordenou-lhe o leão.  - Agora, preste bem atenção: se houver sol no dia do seu casamento, a festa será concorrida e alegre como nunca se viu. Mas, se chover, a festa não será tão animada. Mas, como dizem o povo por aí, casamento em dia de chuva traz felicidade.

A comadre raposa, que é a rainha da astúcia e velhaca como ela só, fechou a cara muito séria, como quem está resolvendo um negócio de muita importância. E, desse jeito, ela ficou durante bastante tempo. Mas o leão, que não era lá muito paciente, soltou logo um berro:

- Como é. Não ata nem desata?

A raposa estremeceu de medo e lhe respondeu matreira:

- É que eu estou pensando uma coisa, compadre. Sei que nosso rei é batuta e que pode dar, à sua vontade, um dia de sol, ou de chuva. Mas o compadre não tem poder para… dar as duas coisas ao mesmo tempo.

Mestre leão, muito vaidoso, respondeu-lhe com ar de pouco caso:

- Sua tola. Como se atreve duvidar do rei dos animais, que sou eu? Eu pensava que a comadre fosse mais esperta. Pois eu vou fazer o que você deseja. Na hora do casamento, haverá sol e chuva, ao mesmo tempo, para espanto de todo mundo.

E, no dia marcado, o rei das selvas cumpriu sua promessa. Palavra de rei não volta atrás. Daí por diante, toda vez que uma raposa se casa reina chuva e reina sol. Toda gente, então, já sabe o que está acontecendo: é o casamento da raposa.

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