Havia dois compadres: um era rico e morava num grande palácio. Outro era pobre e morava por perto, numa choupana. O compadre rico era muito avarento e não ajudava nada ao compadre pobre que, muitas vezes, não tinha nem o que comer.
Um dia, o compadre pobre foi até o alto de um morro, onde havia um pé de coco. Quando ele estava tentando derrubar um coco, aconteceu que o coco caiu lá de cima do pé e rolou morro abaixo. E foi parar dentro da casa de um velhinho que morava por perto.
O compadre pobre desceu o morro e começou a bater à porta da casa do velhinho. Quando ele abriu a porta, o compadre pobre lhe pediu licença, dizendo-lhe que queria apanhar um coco que tinha caído dentro da casa. E ainda lhe disse que o coco era para alimentar seus filhos, que ele os tinha deixado chorando com muita fome.
O velhinho, de modo educado, disse ao compadre pobre que ele poderia entrar e pegar o coco. Mas, logo em seguida, ele lhe fez uma proposta:
- Você não quer trocar o seu coco por três abóboras?
O pobre aceitou a proposta, e o velhinho, então, disse-lhe que ele fosse à horta e apanhasse somente as abóboras que lhe dissessem: “Me tira. Me tira.”.
Assim fez o pobre homem. Só que ele, antes de ir embora, foi agradecer ao velhinho, que lhe falou assim:
- Quando o senhor chegar com as abóboras no começo do morro, você jogue uma delas ao chão. E, quando chegar lá em cima, jogue outra. E, quando chegar a sua casa, jogue a terceira. Quero lhe dizer que você não vai se arrepender.
Quando o compadre pobre ia começando a subir o morro, jogou a primeira abóbora ao chão, como o velhinho lhe dissera. Apareceu, então, um belo cavalo, todo arreado. Ele logo se montou no cavalo e prosseguiu o seu caminho. Ao chegar lá em cima do morro, o compadre pobre jogou a segunda abóbora ao chão. Então, apareceu-lhe uma vaca, acompanhada de um bezerrinho. Aí, ele levou-a para casa dele. E, quando chegou a sua casa, jogou a última abóbora. Apareceu-lhe um montão de dinheiro, que ele, com a mulher e os seus filhos, levou dias apanhando-o.
Assim, com o dinheiro que o compadre pobre ganhou, ele mandou fazer uma bela casa. E melhorou tanto a sua pequena propriedade que ela parecia com um belo jardim. Daí por diante, passou a viver como um homem rico. E vivia muito feliz com a sua família.
Mas, certo dia, o compadre rico ia passando diante da casa do seu compadre pobre. Ao ver tudo aquilo tão mudado, logo se assustou. Ficou ele muito admirado. Não resistiu a fazer uma visita ao seu compadre. E, já lá dentro da casa, perguntou ao compadre como ele havia conseguido, de um momento para outro, toda aquela riqueza.
O compadre, que tinha sido um dia pobre, contou-lhe como tudo acontecera, sem esconder nada, nada. E, depois de ter ouvido tudo com muita atenção, o compadre rico foi embora, morrendo de inveja. E, no meio do caminho, resolveu ganhar também uma riqueza, do mesmo modo como o compadre, que fora pobre, havia ganhado.
Pois do mesmo jeito que o compadre que era pobre fizera, ele também decidiu fazer. Encaminhou-se para o mesmo coqueiro, no alto do morro, e deixou cair um coco, que saiu rolando, rolando, até parar dentro da casa do velhinho. E, assim, o homem rico desceu o morro e foi falar com o velhinho. Lá dentro daquela humilde casa, disse ao velhinho que era um homem muito pobre. E que aquele coco, que ali tinha entrado, iria servir para alimentar os seus filhos.
Mas, como o velhinho era um homem que sabia de tudo, disse ao homem invejoso que, se ele quisesse, poderia trocar o coco por três abóboras. Mais do que depressa o homem rico concordou. Então, o velhinho lhe explicou que o invejoso fosse à horta e apanhasse as três abóboras que falassem: “Me tira. Me tira.”.
O compadre rico apanhou as abóboras maiores que ele vira na horta. E foi embora, sem agradecer ao velhinho. Quando logo ele começou a subir o morro, jogou uma abóbora ao chão. No mesmo instante, apareceu foi um bando de marimbondos, que deu em cima dele, picando-o todinho.
Mas decidido a ter a riqueza, como o seu compadre pobre havia conseguido, o homem invejoso subiu o morro correndo. E, lá em cima, jogou outra abóbora ao chão. Apareceu-lhe, então, uma bruta onça, que saiu correndo atrás dele, e faltou pouco para agarrá-lo.
E, quando o compadre invejoso chegou à sua casa com a última abóbora, cansado de tanto fugir da onça, abriu a sua porta, fechando-a depressa. Jogou a abóbora no chão e chamou a família toda, mandando todos que fechassem bem as portas e janelas da casa. Assim fizeram.
Foi aí, então, que apareceram um bocado de cobras, por todos os cantos da casa. E as cobras morderam e mataram todos os que estavam dentro da casa.