Havia um homem que era marceneiro e muito pobre. Morava em uma casa de cavacos. Certa vez, apareceu, na casa dele, um macaco e lhe pediu um rancho. O homem lhe disse que a casinha era muito pequena, mas que ele ali podia ficar.
O macaco ficou morando com o marceneiro. Um dia, o macaco entrou com os bolsos cheios de moedas de ouro e prata. O dono da casa lhe perguntou onde ele tinha achado tanto dinheiro. O macaco disse: “Foi o rei. Eu, hoje, levei-lhe em seu nome, doutor Botelho, um presente. E ele, de pagamento, me deu este dinheiro.”
O marceneiro lhe perguntou: “E que presente foi, macaco?” Ele lhe respondeu: ‘Eu fui ao mato e assoviei. No mesmo instante, apareceram mais de cem veadinhos, que eu reuni e levei todos ao rei. Qualquer dia desse, eu torno a levar para o rei outro presente, para ele me dar mais dinheiro.”
Passados dias, o macaco tornou a ir para o mato e principiou a assoviar. De repente, apareceu uma porção de garças, todas muito alvinhas. O macaco colou-as de duas em duas e disse para elas: “Vamos para a casa do rei.”
Quando chegou à porta do palácio, as garças pararam. E o rei achou aquilo muito bonito. E perguntou ao macaco quem é que as tinha mandado. O macaco disse: “Foi o doutor Botelho, amigo do macaco da bota do jabotelho.”
O rei lhe agradeceu o presente e disse ao macaco que fosse à casa da moeda e dissesse que lhe dessem algum dinheiro. O macaco chegou à casa da moeda e disse que, por mando do rei, lhe enchessem os alforjes de moedas de ouro. Quando se apanhou com os alforjes cheios, correu para casa.
O marceneiro ficou muito contente de ver tanto dinheiro, e o macaco lhe disse: “Eu logo vou levar outro presente ao rei.”
Daí a dias, o macaco foi outra vez para o mato e assoviou. Logo apareceu uma imensidade de coelhos, todos muito bem bonitos. E o macaco levou-os de presente ao rei. Este ficou muito admirado e lhe disse que queria conhecer doutor Botelho, que era tão rico.
O macaco aí ficou muito atrapalhado e lhe respondeu que o doutor Botelho era um homem muito acanhado e que não aparecia a ninguém. E ainda disse ao rei que, para avaliar a riqueza do doutor Botelho, montasse a cavalo e saísse com ele só para ver todas as fazendas que pertenciam ao mesmo doutor.
O rei montou-se e saiu com o macaco. Quando passavam por uma fazenda, o macaco dizia: ‘Isto aqui é do doutor Botelho.” Passavam por outra, e o macaco tornava a lhe dizer: “Isto também é do doutor Botelho.” Visitaram muitas fazendas. E como o rei já estava cansado, resolveu voltar para casa.
Aí chegando, o macaco afirmou ao rei que ainda tinha um recado para dar a ele, mas que estava acanhado. O rei lhe respondeu que podia falar. Então o macaco disse ao rei que o doutor Botelho tinha mandado pedir a filha do rei em casamento. E se o rei consentisse, só no dia que o doutor aparecia. E acrescentou que achava aquilo uma esquisitice, mas, por ser o doutor muito rico, é que fazia assim.
O rei não teve dúvida, deu logo o sim. E mandou ao macaco que fosse à casa da moeda e dissesse que ele mandava dar algum dinheiro. O macaco, neste dia, ainda encheu mais os alforjes. E foi para casa.
O marceneiro ficou muito espantado de ver tanto dinheiro. E o macaco lhe afirmou: “A graça não é esta. Você se prepare que vai casar com a filha do rei.”
O marceneiro ficou quase morto quando o macaco lhe disse isso. E lhe replicou: “Como era que um marceneiro, que morava numa casa de cavacos, ia casar coma filha do rei.” O macaco lhe disse que ele não se vexasse e deixasse correr por conta dele tudo.
No dia do casamento, o macaco vestiu o marceneiro muito bem vestido, preparou um cavalo muito bonito e montou o doutor Botelho. Este ia só dizendo: “Me segure, macaco, senão eu caio. Oh, que agonia eu estou sentindo.” E quase teve uma síncope. Então o macaco dizia: “Doutor Botelho, deixe disso. Tenha coragem e deixe o resto por minha conta.” Afinal, o macaco conseguiu levar o doutor Botelho até a casa do rei, onde se efetuou o casamento.
Depois do ato, vieram todos os convidados e o rei trazerem os noivos à casa deles. De cada pé de mato, saía uma girândola de foguetes, e o caminho estava todo iluminado.
Quando chegaram perto da casa de cavacos, todas as pessoas avistaram um palácio lindo e também todo iluminado. Na porta do palácio, tocaram muitos foguetes e músicas e, depois, os noivos entraram. Estava uma mesa preparada com todas as diversidades de comidas e doces. E no meio da mesa, estava um cacho de bananas muito bonito.
O macaco deu um pulo em cima da mesa, agarrou as bananas e comeu, comeu, comeu todas as bananas. Pois, apesar de muito esperto, um macaco não se podia conter diante de semelhantes frutas. E, assim, ele mostrou para todos o que era.