Literatura do Folclore: O gambá e o camaleão - conto

Contam que, certa vez, o camaleão foi à procura do gambá.

- Olá, meu cunhado gambá.

- Que você quer, meu cunhado, camaleão? - perguntou-lhe o gambá.

- Vamo-nos curar?

- Vamos. - respondeu-lhe o gambá.

- Quando você quer ir? - perguntou-lhe o camaleão.

- Quando sair a nova seuci*.

- Vamos, então. Mas como será feita a nossa cura?

- Com pimenta. Quando sair a seuci, queimaremos com pimenta os olhos, logo que for amanhecendo.

- E depois?

- Temos que procurar uma árvore bem alta, para subirmos nela. Depois, temos que fazer fogo em baixo, para cairmos nele. E depois, correremos para o rio, para nos lavar.

- Quando fazemos isso?

- Depois de amanhã, quando a seuci sair.

- Está bem, cunhado. À tarde virei encontrar-me com você. - disse o camaleão para o gambá.

- Eu ficarei esperando por você, disse-lhe o gambá. - Não me engane não. Eu apanharei pimentas para fazer o remédio. E, assim, nós dois ficaremos com bom olhar.

No dia combinado, o camaleão foi procurar o gambá.

- Olá, meu cunhado.

- Ah, meu cunhado. Você já chegou. Agora, vamos fazer o que eu lhe disse.

- Vamos então.

Ao chegarem à árvore escolhida, o camaleão perguntou ao gambá:

- Quem vai ser primeiro?

- Você, meu cunhado, disse-lhe o gambá. - Agora, você leve o remédio e suba a árvore e veja quando seuci sair. Eu ficarei fazendo a fogueira.

Então, o camaleão subiu logo a árvore e foi bem lá para cima. Quando viu a seuci saindo, gritou para o gambá:

- Meu cunhado, prepare o fogo, pois seuci vem saindo.

- Já está pronto. - gritou o gambá para o camaleão.

O camaleão passou logo pimenta nos olhos e avisou ao gambá:

- Olhe que eu já vou indo.

E o camaleão se atirou de vez no fogo. Assim que caiu, virou-se, correu para o rio e se  lavou e, depois, saiu.

- Olá, meu cunhado. Agora é a sua vez. - disse-lhe o camaleão.

- Está bem, está bem. Eu já vou indo.

- E eu fico esperando por você aqui. Vá se curar.

O gambá subiu a árvore. Quando estava bem lá em cima, queimou os olhos com pimenta e gritou para o camaleão:

- Já vou indo, meu cunhado.

E o gambá se atirou no fogo. Mas nada de ele se mexer. O camaleão, vendo que o gambá estava se queimando, disse-lhe:

- Que é isso?… Que é isso?… Você, meu cunhado, vai morrer queimado.

Então, o camaleão pegou o gambá pelo rabo e se atirou no rio. O rabo do gambá logo ficou pelado. E o camaleão ficou com a pele dele na mão. Contam que é, por isso, que o rabo do gambá é desse jeito.

 ______________

* SEUCI – Astronomia. “PLÊIADES, ou constelação vulgarmente chamada Sete-estrelo.

Texto literário de Dantas de Sousa - conto

Texto literário de Dantas de Sousa - crônica

Texto literário de Dantas de Sousa - poema

Literatura do Folclore: Conto

Literatura do Folclore: Ditado e Provérbio

Literatura do Folclore: Qual o cúmulo de...