Contam que o gambá tinha uma filha casada com o martim-pescador, que sempre ia ao lago e ao rio para pegar peixes. Na beira do rio, havia uma árvore inclinada, na qual o martim-pescador ficava para apanhar o peixe. E, assim, o martim-pescador sempre ia pegar peixes. E logo ele voltava, quando a sogra menos esperava.
Um dia, o pai, que era o gambá, chamou a filha:
- Minha filha, como é que seu marido mata peixe?
- Sabe como é, meu pai? Ele sobe a árvore, que está abaixada sobre o rio.
- Ah, é assim, minha filha? Assim eu também sei matar peixes.
Depois, o gambá disse à sua esposa:
- Velha, vamos pegar peixe?
- Vamos, velho. - respondeu-lhe a esposa dele.
Assim disseram e foram. Enfim, o gambá e a esposa chegaram ao rio. O gambá subiu a árvore e esperou um peixe. Logo depois, apareceu o avô do peixe tucumaré. O gambá saltou sobre o peixe. Mas só que o avô do peixe tucumaré aparou o bote e engoliu o gambá.
A esposa, muito aflita, correu para casa, gritando em todas as alturas:
- Minha filha, minha filha, um peixe engoliu seu pai.
A filha saiu correndo em toda disparada, à procura do marido. E, quando o encontrou, lhe disse toda nervosa:
- Corra, corra, meu marido, pois um peixe engoliu agorinha meu pai.
O martim-pescador correu bem ligeiro para o rio. Lá, ele perguntou a esposa do gambá onde o marido tinha sido engolido. A esposa, toda se tremendo, lhe mostrou o lugar. E martim-pescador logo subiu a árvore. Nessa mesma hora, apareceu o avô do peixe tucumaré. E martim-pescador, mostrando-se bem rápido, apanhou-o e puxou-o para a terra. Disse ele, então, à sua sogra:
- Traga a faca. Traga a faca.
Martim-pescador, então, pegou a faca e cortou a barriga do peixe. Lá se estava o sogro, quase morto. Aí, levaram-no para casa.
Dizem que é por isso que o gambá ficou com o rabo feio e fedorento. Seu mau-cheiro é devido ao calor da barriga do peixe.