Literatura do Folclore: O homem do gato - conto

Certa vez, havia um homem que era um comilão. Esse homem morava com a mãe. Comia como o diabo. Era uma coisa terrível. Seu prato era uma gamela.

Pois bem, certo dia, arranjaram-lhe uma noiva. E ele se casou. No dia do casamento, quando chegou a hora de jantar, a comida que puseram no prato dele não lhe bastou sequer para encher o buraco do dente. O homem não ficou nada satisfeito.

No dia seguinte, foi a mesma coisa. Então, ele começou a ficar aborrecido.

Afinal, depois de uma semana de semelhante regime, o homem andava com cara de réu. Vivia calado o tempo todo, de tal modo que não havia força humana capaz de fazê-lo pronunciar uma só palavra. A moça, seus vizinhos, os parentes, os conhecidos, enfim, todos viviam lhe fazendo gaiatices e lhe contando histórias engraçadas, para verem se, pelo menos, ele se alegrava um pouco. Mas ele nada de desamarrar o bode.

Certo dia, todos estavam reunidos na sala, conversando e rindo muito. Mas o homem permanecia lá no seu canto, muito sério, carrancudo. Aí, uma das pessoas presentes agarrou um gato. Depois, amarrou, no rabo do gato, algumas latas vazias e Meteu o chicote no pobre do gato.

O gato saiu disparado, por ali a fora, pulando e berrando muito. E todo mundo caiu numa gargalhada só. Mas o homem continuou de cara fechada, sem sequer esboçar um arzinho de riso.

Vendo, por fim, que ninguém era capaz de fazer o homem falar ou rir, correram depressa para contar à mãe dele o que estava acontecendo com o seu filho. E a sua mãe logo compreendeu o que estava acontecendo com o seu filho. Então, pegou a gamela, em que ele costumava comer todos os dias, colocou-a na cabeça e saiu andando para a casa da nora.

Assim que o homem avistou a sua mãe, trazendo, sobre a cabeça, a gamela de ele comer, foi logo desmanchando a carranca. E a mãe, logo que chegou, botou um caldeirão enorme no fogo, cheinho de carne toicinho e verduras, para cozinhar. Quando a comida ficou pronta, ela botou uma panelada de pirão na gamela. Depois, botou, por cima do pirão, carne e verdura, que até dava medo.

O homem sentou-se e comeu, comeu, comeu, até deixar a gamela toda limpinha. Depois, fez um segundo prato de farofa de toicinho, que era um despropósito, e comeu-o do mesmo modo.

Quando se viu com a barriga bem cheia, o homem começou a conversar com todos e muito alegre. De repente, ele deu uma enorme gargalhada. Ficou rindo, rindo, rindo, que até dava gosto vê-lo rindo, sem parar.

Diante daquilo, todo mundo ficou muito espantado. E tiveram de lhe perguntar o que havia com ele, e o que ele tinha visto de tão engraçado. E, sem parar de rir, ele disse para todo mundo da casa:

- Eu estou é me lembrando daquele gato do outro dia, correndo, correndo, correndo, que ninguém conseguia parar…

Texto literário de Dantas de Sousa - conto

Texto literário de Dantas de Sousa - crônica

Texto literário de Dantas de Sousa - poema

Literatura do Folclore: Conto

Literatura do Folclore: Ditado e Provérbio

Literatura do Folclore: Qual o cúmulo de...