Literatura do Folclore: O homem que pôs o ovo - conto

Um marido tinha uma mulher que vivia se gabando para todas as pessoas que só ela era quem sabia guardar segredos. Ela vivia dizendo que as outras mulheres eram uns sacos furados. Mas só que ela se gabou tanto, se gabou tanto que o marido bolou consigo mesmo de fazer uma experiência, para ver se a sua mulher era mesmo uma mulher segura da língua.

Uma noite, voltando tarde para casa, o marido trouxe um grande ovo de pata, que é muito maior do que os da galinha, e deitou-se na cama. Lá para as tantas da madrugada, ele acordou a sua mulher.

Fazendo-se de muito assustado, o marido lhe pediu que ela guardasse segredo. Contou-lhe, então, que ele tinha acabado de pôr um ovo. E a sua mulher só faltou morrer de tanto lhe pedir, para que ele lhe mostrasse o tal ovo. E o marido terminou lhe mostrando o ovo. Então, ela acreditou. E jurou ao marido que nem ao padre, que ela sempre se confessava, ela iria falar o que tinha sabido naquele momento.

Pois bem. Pela manhã, assim que o marido saiu para o trabalho, a mulher correu para a vizinha. Pedindo-lhe segredo, contou que o seu marido havia posto um ovo na cama. Aí a vizinha lhe prometeu que ninguém iria saber de nada.

A mulher não deixou de revelar o segredo. E, dali a pouco, estavam sabendo do segredo um bocado de gente. E a todas as pessoas, a quem ela contava a história, pedia-lhes segredo. E, como quem conta um conto acrescenta um ponto, toda vez em que a história ia passando adiante, o ovo ia mudando de número. Um, depois dois, depois três… Ao anoitecer, já o homem tinha botado meio cento de ovos.

Voltando para casa, o marido encontrou-se com um amigo que lhe disse que estava havendo uma novidade na sua rua. E, como o homem não sabia qual era a tal novidade, o amigo confessou-lhe:

- Parece que só você é que ainda não sabe. É uma coisa muito esquisita. Pois fique sabendo agora que um morador, daqui da nossa rua, pôs quase um cento de ovos. E me disseram que ele está muito doente. E o pior é que cada ovo tem duas gemas.

Ao ouvir aquilo, o marido correu pra casa. Entrando em casa apressado, chamou a mulher, agarrou uma bengala e lhe deu uma tremenda surra, que deixou a sua esposa de cama, toda doída.

Depois disso, o homem saiu contando pra todo mundo como a história tinha começado. E, assim, a sua mulher ficou totalmente desmoralizada.

Texto literário de Dantas de Sousa - conto

Texto literário de Dantas de Sousa - crônica

Texto literário de Dantas de Sousa - poema

Literatura do Folclore: Conto

Literatura do Folclore: Ditado e Provérbio

Literatura do Folclore: Qual o cúmulo de...