Uma vez, uma onça ouvia um jabuti tocando bem tranquilo, debaixo de uma árvore, a sua gaita. Uma outra onça, que estava também observando, se aproximou do jabuti e lhe perguntou:
- Mas como você toca tão bem sua gaita.
O jabuti respondeu:
- Eu toco assim a minha gaita porque um osso de um veado é a minha gaita, ih, ih.
A onça tornou:
- Mas não foi assim, com um osso de um veado, que eu ouvi você tocar a sua gaita.
O jabuti respondeu:
- Pois vá pra lá mais um pouco. De longe, eu vou mostrar que eu toco para você bem mais bonito.
O jabuti procurou um buraco. Aí se pôs na soleira da porta e começo a tocar a gaita. E disse:
- O osso da onça é que é a minha gaita, ih, ih.
Quando a onça ouviu aquilo que o jabuti acabou de lhe falar, correu para pegar o jabuti. Mas o jabuti se meteu bem rápido pelo buraco adentro.
A onça, desesperada, meteu a mão no buraco. E agarrou a perna do jabuti. Mas ele deu uma boa risada e disse:
- Camarada onça, você pensou que agarrou foi a minha perna. Mas você agarrou foi a raiz de um pau.
A onça lhe disse:
- Deixe estar. Deixe estar, que eu vou lhe mostrar que você não escapa dessa.
Largou, então, a perna do jabuti. O jabuti riu dela pela segunda vez e disse:
- De fato, camarada onça, era a minha própria perna.
A grande tola da onça resolveu, então, ficar ali esperando o jabuti sair do buraco. Esperou, esperou, e esperou tanto que morreu ali mesmo.