Literatura do Folclore: O jabuti e a raposa1 - conto

O jabuti se meteu por um buraco adentro, tocou a sua gaita e pôs a dançar:

       “Tin, tin, tin… / Olô, olô, olô…”

Veio a raposa e gritou por ele: - Ó jabuti.

O jabuti respondeu: - Oi.

A raposa disse: - Vamos experimentar a nossa valentia?

O jabuti respondeu: - Vamos, raposa. Quem vai adiante?

A raposa disse: - Tu, jabuti.

- Está bom, raposa. Quantos anos são precisos?

A raposa respondeu: - Dois anos.

Então a raposa fechou o jabuti no fundo do buraco. Depois que acabou de o fechar, disse: - Adeus, jabuti. Eu vou-me embora.

Passado o primeiro ano, a raposa voltou várias vezes chamando: - Ó jabuti.

O jabuti respondia: Ó raposa. Já estarão amarelas as frutas do taperebá?

A raposa respondia: - Ainda não, jabuti. Agora os taperebaseiros estão apenas em flor. Adeus, jabuti, ainda me vou desta vez.

Quando foi o tempo do jabuti sair, a raposa veio. Chegou à boca do buraco e chamou:

O jabuti perguntou: - Já estão amarelas as fruta do taperebá?

A raposa respondeu: - Agora sim, jabuti. Agora, na verdade, já estão. Agora sim, está embaixo da árvore grande porção delas.

O jabuti saiu e disse: - Entra agora, raposa.

A raposa respondeu: - Quantos anos são precisos, jabuti?

O jabuti respondeu: - Quatro anos.

O jabuti meteu a raposa no fundo do buraco e foi-se embora. Um ano depois, o jabuti voltou para falar com a raposa. Chegou à beira do buraco e chamou: - Ó raposa.

A raposa respondeu: - Já estão amarelos os ananenses, jabuti?

O jabuti respondeu: Ora, ainda não estão, raposa. Ainda andam agora a roçar.

Eu vou-me embora. Adeus, amiga raposa.

Dois anos depois, o jabuti voltou e chamou: Ó raposa.

Tudo calado. O jabuti chamou segunda vez. Tudo calado. Só saíam moscas do fundo do buraco.

O jabuti abriu a boca do buraco e disse: - Essa diaba já morreu.

O jabuti puxou-a para fora: - Eu bem te tinha dito, raposa. Tu não eras macho para medirdes força comigo.

O jabuti deixou-a ficar e foi-se embora.

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