O jabuti se meteu por um buraco adentro, tocou a sua gaita e pôs a dançar:
“Tin, tin, tin… / Olô, olô, olô…”
Veio a raposa e gritou por ele: - Ó jabuti.
O jabuti respondeu: - Oi.
A raposa disse: - Vamos experimentar a nossa valentia?
O jabuti respondeu: - Vamos, raposa. Quem vai adiante?
A raposa disse: - Tu, jabuti.
- Está bom, raposa. Quantos anos são precisos?
A raposa respondeu: - Dois anos.
Então a raposa fechou o jabuti no fundo do buraco. Depois que acabou de o fechar, disse: - Adeus, jabuti. Eu vou-me embora.
Passado o primeiro ano, a raposa voltou várias vezes chamando: - Ó jabuti.
O jabuti respondia: Ó raposa. Já estarão amarelas as frutas do taperebá?
A raposa respondia: - Ainda não, jabuti. Agora os taperebaseiros estão apenas em flor. Adeus, jabuti, ainda me vou desta vez.
Quando foi o tempo do jabuti sair, a raposa veio. Chegou à boca do buraco e chamou:
O jabuti perguntou: - Já estão amarelas as fruta do taperebá?
A raposa respondeu: - Agora sim, jabuti. Agora, na verdade, já estão. Agora sim, está embaixo da árvore grande porção delas.
O jabuti saiu e disse: - Entra agora, raposa.
A raposa respondeu: - Quantos anos são precisos, jabuti?
O jabuti respondeu: - Quatro anos.
O jabuti meteu a raposa no fundo do buraco e foi-se embora. Um ano depois, o jabuti voltou para falar com a raposa. Chegou à beira do buraco e chamou: - Ó raposa.
A raposa respondeu: - Já estão amarelos os ananenses, jabuti?
O jabuti respondeu: Ora, ainda não estão, raposa. Ainda andam agora a roçar.
Eu vou-me embora. Adeus, amiga raposa.
Dois anos depois, o jabuti voltou e chamou: Ó raposa.
Tudo calado. O jabuti chamou segunda vez. Tudo calado. Só saíam moscas do fundo do buraco.
O jabuti abriu a boca do buraco e disse: - Essa diaba já morreu.
O jabuti puxou-a para fora: - Eu bem te tinha dito, raposa. Tu não eras macho para medirdes força comigo.
O jabuti deixou-a ficar e foi-se embora.