Uma vez, um macaco pensou em fazer fortuna. Para isso, foi-se colocar por onde tinha de passar um carreiro com seu carro. O macaco estendeu o rabo pela estrada por onde deviam passar as rodeiras do carro. O carreiro, vendo isso, disse:
- Macaco, tira teu rabo do caminho, que eu quero passar.
- Não tiro, respondeu o macaco.
O carreiro tangeu os bois, e o carro passou por cima do rabo do macaco, e cortou-o fora. O macaco, então, fez um barulho muito grande:
- Eu quero meu rabo, ou então me dê uma navalha.
O carreiro lhe deu uma navalha, e o macaco saiu muito alegre a gritar:
- Perdi meu rabo, ganhei uma navalha. Tinglin, tinglin, que vou para Angola.
Seguiu. Chegando adiante, encontrou um negro velho, fazendo cestas e cortando os cipós com o dente. O macaco lhe disse:
- Oh, amigo velho, coitado de você. Ora, está cortando os cipós com o dente. Tome esta navalha.
O negro aceitou. E, quando foi partir um cipó, quebrou-se a navalha. O macaco abriu a boca no mundo e pôs-se a gritar:
- Eu quero minha navalha. Ou então me dê um cesto.
O negro velho lhe deu um cesto. O macaco saiu muito contente gritando:
- Perdi meu rabo, ganhei uma navalha. Perdi minha navalha, ganhei um cesto. Tinglin, tinglin, que vou para Angola.
Seguiu. Chegando adiante, encontrou uma mulher fazendo pão e botando na saia.
- Ora, minha sinhá, fazendo pão e botando na saia. Aqui está um cesto.
A mulher aceitou. E, quando foi botando os pães dentro, caiu o fundo do cesto.
O macaco abriu a boca no mundo e pôs-se a gritar:
- Eu quero o meu cesto, quero o meu cesto, senão me dê um pão.
A mulher lhe deu o pão. E ele saiu contente a dizer:
- Perdi meu rabo, ganhei uma navalha. Perdi minha navalha, ganhei um cesto.
Perdi meu cesto, ganhei um pão. Tinglin, tinglin, que vou para Angola.
E foi comendo o pão.