Literatura do Folclore: O macaco e o confeite - conto

Macaco guariba foi lavar a casa e achou uma moeda. Comprou com ela um pirulito. Depois, subiu à arvore e, lá em cima, ficou a comê-lo. Mas, como macaco não tem modos, pulando daqui, pulando dali, terminou o pirulito caindo dentro de uma árvore.

Então, o macaco enfiou a mão lá dentro e começou a pelejar, a fim de para tirar o pirulito. Mas não conseguia. Aí, ele foi direto ao ferreiro e lhe pediu que fizesse um machado, para ele tirar o pirulito, pois ele havia caído dentro do buraco de uma árvore.

- Sem dinheiro não faço machado nenhum. - falou-lhe o ferreiro, de modo severo.

- Pois pode fazer, gritou o macaco, senão eu vou contar tudo ao rei.

Mas, como o ferreiro não quis fazer o machado, o macaco foi logo falar com o rei. Entrou no palácio, dando pulos e fazendo mogangas de macaco.

- Senhor rei, o macaco lhe implorou, mande o ferreiro fazer um machado pra mim, pois eu quero cortar uma árvore, para eu tirar meu pirulito que caiu dentro dela.

O rei, nem quis saber. Então, o macaco foi falar com a rainha:

- Senhora rainha, mande o rei mandar o ferreiro fazer um machado, pois eu quero cortar uma árvore, para eu tirar meu pirulito que caiu dentro dela.

- Mas você é metido, macaco. - disse-lhe a rainha, e não fez caso nenhum dele.

Sem desistir, o macaco seguiu e foi falar com o rato:

- Rato, meu bom amigo, eu quero que você roa a roupa da rainha, para ela mandar o rei mandar o ferreiro fazer um machado, pois eu quero cortar uma árvore, para eu tirar meu pirulito que caiu dentro dela.

- Mas como você é engraçado, macaco. - o rato o ironizou. E continuou comendo bem tranquilo o seu pedaço de queijo.

Insistente, o macaco se dirigiu para pedir ao gato:

- Meu amigo gato, mande o rato roer a roupa da rainha, para ela mandar o rei mandar o ferreiro fazer um machado, pois eu quero cortar uma árvore, para eu tirar meu pirulito que caiu dentro dela.

- Deixe de falar tolice, rebateu-lhe o gato, nem se mexendo do lugar, onde estava descansando.

Não desistindo, o macaco correu em busca do cachorro:

- Meu amigo cachorro, mande o gato mandar o rato roer a roupa da rainha, para ela mandar o rei mandar o ferreiro fazer um machado, pois eu quero cortar uma árvore, para eu tirar meu pirulito que caiu dentro dela.

O cachorro deu um latido tão alto que o macaco quis correr com tanto medo, mas controlou os seus nervos.

Saiu devagar, em direção do cacete. E, chegando perto dele, pediu-lhe:

- Ô cacete, mande o cachorro mandar o gato mandar o rato roer a roupa da rainha, para ela mandar o rei mandar o ferreiro fazer um machado, pois eu quero cortar uma árvore, para eu tirar meu pirulito que caiu dentro dela.

O cacete caiu numa risada só. E mandou o macaco ir embora, senão acabava com ele.

Num pulo só, o macaco saiu, para ir falar com o fogo.

- Meu fogo, me ajude dessa vez. Mande o cacete mandar o cachorro mandar o gato mandar o rato roer a roupa da rainha, para ela mandar o rei mandar o ferreiro fazer um machado, pois eu quero cortar uma árvore, para eu tirar meu pirulito que caiu dentro dela.

- Saia daqui agora mesmo, gritou o fogo, vermelho de raiva, para o macaco. - Ora, já se viu isso.

Como ninguém queria lhe ajudar, o macaco foi pedir auxílio da água.

- Água, vim lhe pedir um favor. Mande o fogo mandar o cacete mandar o cachorro mandar o gato mandar o rato roer a roupa da rainha, para ela mandar o rei mandar o ferreiro fazer um machado, pois eu quero cortar uma árvore, para eu tirar meu pirulito que caiu dentro dela.

- Olha, macaco, não me venha importunar. Vá procurar o que fazer de futuro na vida.

Nem se importou com o que havia lhe dito a água. O macaco se encontrou com o boi e foi logo lhe pedindo:

- Meu amigo boi, mande a água mandar o fogo mandar o cacete mandar o cachorro mandar o gato mandar o rato roer a roupa da rainha, para ela mandar o rei mandar o ferreiro fazer um machado, pois eu quero cortar uma árvore, para eu tirar meu pirulito que caiu dentro dela.

- Como é que é? Suma da minha vista, agora mesmo. - revoltou-se o boi com aquilo e continuou ruminando o capim.

Como ninguém queria ajudar o macaco, ele terminou indo pedir ajuda a um homem que ia passando na estrada, com sua enxada ao ombro:

- Ô meu senhor, mande o boi mandar a água mandar o fogo mandar o cacete mandar o cachorro mandar o gato mandar o rato roer a roupa da rainha, para ela mandar o rei mandar o ferreiro fazer um machado, pois eu quero cortar uma árvore, para eu tirar meu pirulito que caiu dentro dela.

O homem lhe deu um grito, que o macaco disparou no meio do mundo. E se encontrou logo com quem: com a morte. Ela se achava sentada no seu trono de ossos, com aquele rosto pavoroso, chega o macaco se tremeu. Mas, tomando coragem, suplicou-lhe:

- Morte, ninguém quer me ajudar. Mas eu vim pedir a senhora que mande o homem mandar o boi mandar a água mandar o fogo mandar o cacete mandar o cachorro mandar o gato mandar o rato roer a roupa da rainha, para ela mandar o rei mandar o ferreiro fazer um machado, pois eu quero cortar uma árvore, para eu tirar meu pirulito que caiu dentro dela.

Ao ouvir a súplica do macaco, a morte que, naquele dia, não estava de bom humor, pegou logo a foice e avançou no homem.

- Não me mate, ó morte! - rogou-lhe o homem.

- Então mate o boi.

O homem correu rápido para matar o boi.

- Não me mate, meu bom homem!

- Então, você beba a água toda.

- Não, não me beba! - pediu-lhe nervosa a água.

- Então, vá apagar aquele fogo.

- Não, não me apague! - pediu-lhe por tudo no mundo o fogo.

- Então, você vá  queimar aquele cacete.

- Não, não faça isso comigo! - gritou desesperado o cacete.

- Então, dê uma boa surra naquele cachorro ali.

- Não. Não faça isso comigo. Não bata em mim, amigo cacete.

- Então, você vai ter de morder aquele gato dorminhoco.

- Não. Não me morda. Deixe-me viver em paz.

- Então, quer viver em paz? Pois morda todinho aquele rato ladrão.

- Não. Não me morda, amigo gato.

- Então, para não morder você, vá roer a roupa da rainha.

O coitado do rato não teve outro jeito. Subiu se tremendo no guarda-roupa da rainha. E foi roer o vestido mais bonito da rainha. Mas levou azar, porque a rainha o avistou e gritou para todo o palácio ouvir:

- Não, seu desgraçado. Não roa a minha roupa mais bonita!

- Então, disse o rato para a rainha, mande o rei mandar o ferreiro fazer um machado para o macaco cortar uma árvore, para ele tirar seu pirulito que caiu dentro dela.

A rainha mandou o rei. O rei mandou o ferreiro. E o ferreiro teve de fazer o machado. E, depois disso tudo, o macaco foi derrubar a árvore. Conseguiu abrir o tronco dela e logo achou o seu pirulito. Todo cheio de alegria, o macaco saiu pela estrada, dando pulos e fazendo trejeitos. E sumiu dentro da mata. 

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