Um vigário andava pelo sertão visitando os seus paroquianos. Como ele estava com muita sede, aproximou-se duma cabana e chamou por alguém lá de dentro. Veio, então, lhe atender um menino franzino.
- Bom dia meu filho, disse o vigário, para o menino. - Você tem uma aguinha pro seu padre?
- Água num tem aqui em casa não, seu padre, respondeu-lhe o menino. - Mas aqui em casa tem um pote cheim de aluá. Se seu padre quiser, eu vou buscar lá dentro pro senhor beber.
- Pois também serve, meu filho. Aluá de abacaxi é muito bom. Vá buscar então para o seu padre.
O menino entrou em casa numa carreira só. Dali a pouco, trouxe o aluá dentro de uma cabaça. O padre, de tão sedento, bebeu bastante. E o menino ofereceu mais. Como estava com muita sede, o padre acabou aceitando. Depois de beber, o vigário, curioso, perguntou ao menino:
- Me diga uma coisa, meu filho. A sua mãe não vai brigar com você por que você me deu o aluá?
- Ela num vai brigar com eu não, seu padre. Ela disse pra gente que num queria mais o aluá não e ia jogar ele todo fora porque ela viu dentro do pote duas barata morta.
Surpreso e revoltado, o padre atirou a cabaça no chão, que se quebrou em um bocado de pedaços. Furioso, o vigário gritou bem alto para o menino:
- Seu moleque danado, por que você não me avisou antes das baratas mortas dentro do pote?
O menino olhou desesperado para o vigário e, em seguida, anunciou-lhe de voz triste:
- O senhor nem sabe o que vai acontecer comigo, seu padre? Eu vou é levar de mãe, quando chegar da feira, uma surra bem grande.
- Bem feito, bem feito. A sua mãe vai lhe dar uma bela surra para você não fazer outra dessa com um padre.
O menino, choramingando, terminou falando a verdade para o padre:
- Mas num é por causa da barata morta dentro do pote que minha mãe vai dar em neu, seu padre. É porque o senhor acabou de quebrar foi a cabaça de vó fazer xixi dentro dela.