Literatura do Folclore: O menino, o jumento e o cachorro - conto

Um menino foi buscar lenha na mata. Levou um jumento para trazer a lenha e também o seu cachorro Lulu. Ele, chegando lá dentro da mata fechada, ajuntou um grande feixe de lenha. Depois, olhou para o jumento e falou para ele:

- Zulu, eu vou botar em tu uma carga de lenha das bem pesada, viu?

O jumento bateu com os cascos no chão e, se virando para ele, lhe disse num tom resignado:

- Eu tou entendendo.  Você tá mim dizendo isso porque não é você que vai levar a carga toda, num é não?

O menino ficou muito espantado por causa que o jumento falou feito gente.  E sua reação foi logo sair bem depressa correndo feito doido pela mata. E foi diretinho para sua casa para contar ao seu pai o que tinha ouvido tudo o que o jumento falou para ele. Ao chegar lá, botando a língua para fora, ele disse apressado:

- Pai, pai, eu tava na mata juntando a lenha e depois de ajeitar a carga pra trazer ela praqui quando eu disse pro Zulu que ia colocar ela no lombo dele o senhor num vai acreditar o que foi que eu ouvi Zulu dizer olhando pra eu: “Você tá mim dizendo isso porque não é você que vai levar a carga toda”.

O pai do menino, calado estava calado ficou. Depois, olhou para o filho de cima a baixo e, desconfiado, lhe passou um carão:

- Você agora, Sebastião, está dando pra mentir, é? Onde é que já se viu um tal absurdo desse. Os animais nos dias de hoje num falam mais não, como naquele tempo de atrás.

Naquele momento, Lulu, que estava ao lado do menino o tempo todo calado, foi em defesa do seu amigo, dizendo para o pai dele:

- Mas foi verdade o que Tião disse agora pro senhor, seu Pereira. Eu tava lá na mata mais Tião e o jumento e eu vi tudim como foi. E eu juro que foi verdade, e num é mentira de Tião não.

Assustado, seu Pereira, achando que Lulu estava com o diabo, pegou uma foice, que estava encostada à parede da cozinha, e ergueu-a para bater no cachorro. Foi aí que aconteceu algo ainda mais curioso. A foice começou a tremer nas mãos de seu Pereira e, de dentro dela, saiu uma voz que estremeceu a casa:

- O senhor tome muito cuidado com o que vai fazer, seu Pereira, porque esse cachorro pode morder meu cabo. Aí a coisa vai mudar pro lado do senhor. E é pra pior.

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