Um menino abraçou o pacote feito com papel colorido vermelho e enfeitado de fita branca. Apressado, saiu, com seus passinhos curtos, enfeitando o caminho com o sorriso de criança contente.
Quando chegou à sua casa, gritou pela mãe, sacudindo o presente pelos ares. A mãe e os irmãos correram depressa para ver o que era aquele presente. E o menino abriu a caixa. Descobriu que tinha ganhado do seu padrinho de batismo um jogo colorido, cheio de desenhos bonitos, com dados, fichas e bolinhas.
Naquele momento, sentiu-se importante, pois era dono de um brinquedo bonito. E foi convidar os amigos para brincarem com o seu jogo.
O Natal passou. E lá foi ele trabalhar na roça com o seu pai. De quando, em quando, vinha a ideia nele do brinquedo. Aí, o suor do cansaço era esquecido. Também, durante noites, ele ficava jogando com os amigos, até quando o sono chegava.
Jogou e jogou muito. Nem percebia que o brinquedo ficava velho. Os desenhos perdiam as cores e o encantamento. O cheiro de novidade não existia mais. Mesmo assim, era importante o brinquedo, porque divertia as crianças da vizinhança.
Uma tarde, o menino chorou. E chorou muito. Ele viu o irmãozinho caçula rasgando seu precioso brinquedo lá no fundo do quintal. No desespero, a mãe correu ao encontro dele.
Só que o menino não teve consolo. Sentia-se o mais infeliz dos meninos. Até foi se deitar cedo. E suas lágrimas molharam o travesseiro.
Até hoje, depois de grande, já adulto, ao ver seu netinho brincando no chão, aquele menino nunca mais se esqueceu daquele seu precioso presente de Natal.