Já atrasado para fazer as entregas dos presentes para as crianças, papai Noel ficou a procurar as suas botas. Ele não conseguia encontrar em nenhum lugar. Chamou todas as renas e duendes para lhe ajudarem. Não podia perder mais tempo, porque já estava em cima da hora de ele distribuir os presentes.
Todos procuravam apressadamente as botinas do papai Noel. Mas nada de encontrá-las. O papai Noel, já impaciente, enquanto procurava pela casa, percebeu que uma rena não estava procurando. Mas ela estava escondida, atrás da árvore de Natal, e se mostrava com olhos vermelhos de tanto chorar.
Papai Noel, então, se aproximou dela. E foi logo lhe perguntando por que ela estava daquele jeito e sem procurar também as suas botas. E ela, desconfiada, foi logo lhe respondendo:
- Papai Noel, me desculpe. Mas eu vou confessar ao senhor uma coisa: na hora de se selecionar os pedidos, para podermos colocar na frente os mais urgentes, eu li uma cartinha de um menino de sete anos. Na cartinha, estava escrito assim:
“Querido papai Noel, neste Natal, eu gostaria de pedir para o senhor um par de botas, para meu pai trabalhar, pois nós não temos dinheiro para comprar. Ele trabalha em um campo de lixão, catando material reciclado para vender. E é com essa renda que ele sustenta a nossa família: mamãe, eu e meus três irmãos menores. Como ele vai pro lixão com sacolas em seus pés, muitas das vezes elas se rasgam. E já aconteceu de meu pai se cortar em vidros e ferros enferrujados. E, por causa disso, ele fica doente por dias, sem poder trabalhar. Agora, não é qualquer botas que eu peço ao senhor. Tem que ser uma igual a do senhor, poiso senhor usa elas há muitos anos, e elas estão sempre novas. Eu lhe pergunto: o senhor vai conseguir atender ao meu pedido?”.
Depois de eu ler toda a cartinha, papai Noel, falei para mim mesmo: como é que eu não vou atender um pedido como um desse?. Mas, por instantes, eu nem sabia o que fazer. E, pensei, como e onde eu ia arranjar outras botas como a do senhor? Aí, eu perguntei a um amigo da criança o endereço do pai dele. Ele me informou o local. E eu fui deixar as suas botas lá.
A rena terminou convencendo papai Noel a sair descalço para o lixão, atrás de suas botinas. Chegando lá, papai Noel reconheceu, já de longe, as suas botas. Aproximou-se do pai do menino e lhe contou tudo o que tinha acontecido. E, em seguida, lhe informou que precisava de que ele devolvesse as suas botas, pois ele não iria conseguir outras botas tão rápidas. Contou-lhe que elas eram de um material eterno, que nunca se desgastariam. E lhe prometeu que ele poderia lhe dar outras botas.
O homem nem pensou duas vezes e respondeu a papai Noel:
- Nem pensar, nem pensar. Estas botas aqui são especiais. Fazia muito tempo que meu filho havia enviado para o senhor o seu pedido de Natal e lhe tinha contado toda a nossa situação. O senhor sabe: eu preciso delas para trabalhar, pois sei que vão durar muito tempo. Eu não posso comprar outras. E tem mais, se o meu filho souber que o senhor tomou de volta o presente que ele tinha pedido pro senhor, ele, certamente, vai ficar muito triste e decepcionado com o senhor.
Papai Noel coçou a barba, pensativo. Pensou: o que faço agora?… Mas o pai da criança teve uma ideia. E disse logo para papai Noel:
- Se o senhor não se incomodar, eu posso lhe dar aquela ali, que me deram há pouco. Elas já estão gastas, mas acredito que servirá. E o senhor precisa fazer as suas entregas, e as crianças não podem ficar sem seus presentes, só pelo fato de que o senhor está sem suas botas especiais. Tome, tome, elas. Use elas.
Papai Noel, ficou indeciso, mas logo se emocionou com o gesto daquele homem, que era um trabalhador responsável, e que se preocupava muito com o bem-estar da sua família. Num instante, veio à mente de papai Noel de que ele poderia arranjar outras botas iguais àquela. E saiu dali pensando que se vive aprendendo todos os dias. Então, calçou as surradas botas e seguiu adiante, para fazer a alegria de milhares e milhares de criancinhas.