Literatura do Folclore: A onça e o bode (2) - conto

O bode foi ao mato procurar lugar para fazer uma casa.  Achou um local bom.  Roçou-o e foi-se embora.  A onça, que tivera a mesma ideia, chegando ao mato e encontrando o lugar já limpo, ficou radiante.  Cortou as madeiras e deixou-as no ponto.  O bode, deparando a madeira já pronta, aproveitou-se, erguendo a casinha.  A onça voltou e tapou-a de taipa.  Foi buscar seus móveis e, quando regressou, encontrou o bode instalado.  Verificando que o trabalho tinha sido de ambos, decidiram morar juntos.

Viviam desconfiados um do outro.  Cada um teria sua semana para caçar.  A onça foi primeira e trouxe um cabrito, enchendo o bode de pavor.  Quando chegou a vez do bode, ele viu uma onça abatida por uns caçadores. E a carregou até a casa, deixando-a no terreiro.  A onça, vendo a companheira morta, ficou espantada:

- Amigo Bode, como foi que você matou essa onça?

- Ora, ora, matando. - respondeu o bode cheio de empáfia.  Porém, insistindo a onça em lhe perguntar como havia matado a companheira, disse o bode: – Eu enfiei este anel de contas no dedo, apontei-lhe o dedo e ela caiu morta.

A onça ficou toda arrepiada, olhando o bode pelo canto do olho.  Depois de algum tempo, disse o bode:

- Amiga onça, eu lhe aponto o dedo.

A onça pulou para o meio da sala gritando:

- Amigo bode, deixe de brincadeira.

Tornou o bode a dizer que lhe apontava o dedo. A onça pulou para o meio do terreiro.  Repetiu o bode a ameaça, e a onça correu pelo mato adentro, numa carreira danada, enquanto ouviu a voz do bode: “Amiga onça, eu lhe aponto o dedo”. E nunca mais a onça voltou.  Então o bode ficou sozinho na sua casa, vivendo de papo para o ar, bem descansado.

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