Um velho começou contou a contar uma história a uns atentos jovens ao redor dele. Ele começou a sua história relatando que, certa vez, três viajantes resolveram ir a um país longínquo. Foram eles atrás de honras e fortunas. Por algum tempo, andaram juntos, consultando o mesmo roteiro, comendo o mesmo pão e dormindo sob a mesma tenda.
Apesar de terem, com relativa facilidade, o rumo determinado pelas constelações, eles três começaram a se preocupar com os acidentes do terreno. E, assim, bem cedo suas opiniões se dividiram.
Depois de certo tempo de caminhada, eles começaram a atravessar uma vasta zona deserta. Foi aí que eles se sentiram aflitos, quando perceberam que estava terminando a água que eles levavam consigo.
Por causa da grande angústia de ficarem com sede e não terem mais água, os três viajantes, depois de acalorada discussão, resolveram se separarem. E dois deles, afoitamente, seguiram cada qual por caminhos que lhes pareciam ser os melhores.
O primeiro, desprezando o mapa que levavam saiu sozinho pelo areal ardente. Ia com muita vontade de achar uma fonte e, em seguida, o país remoto. E, assim, andou dias e dias, até se esgotarem todos os seus recursos para a longa viagem.
Diante de tamanho desespero, aquele primeiro avistou, ao longe, um córrego de águas cristalinas. Imediatamente, correu até o córrego, fazendo os derradeiros esforços para chegar à margem. Mas tombou moribundo e sem esperanças, ao observar que a corrente era apenas uma enganadora miragem.
Já o segundo viajante, sem se importar com o roteiro de antes, seguiu o rumo que foi aconselhado, antes da partida, por uns homens que jamais quiseram arriscar-se a empreender aquela perigosa jornada. E, após alguns dias de cansaço, avistou a certa distância o que lhe parecia ser um lago. Aí, ele apressou o passo, até chegar à margem. E, assim, explodiu de alegria quando teve a certeza de que ali havia água fresca à sua disposição.
Mas o coitado sofreu uma grande decepção. Quando provou a água, sentiu logo que ela era salgada. Aí caiu na real de que tinha, diante dele, um braço de mar, avançando por solitárias regiões. E, ali mesmo, o louco aventureiro morreu.
Só que o terceiro caminhante agiu de um outro modo. Ao ficar sentado na areia, poupando as suas forças, ele examinou detidamente o roteiro. Orientou-se pelas estrelas. E, assim, lhe foi fácil acertar uma desconhecida vereda.
Seguiu seu caminho. Logo, alcançou um delicioso oásis. Ali, ele descansou, comeu frutos e bebeu água fresca e límpida. Uma caravana que passava por aquele aprazível lugar, levou-o seguramente ao lugar desejado. E, nessa terra, ele encontrou muito mais do que havia sonhado em honras e riqueza.
Após essa história, o velho, olhando para os jovens parados e em silêncio, acrescentou:
- Meus caros jovens: o roteiro, que nos ensina o caminho para o país longínquo, é a Palavra de Deus, Nosso Senhor. O primeiro viajante é o homem que, desprezando os ensinamentos sagrados, deixando de olhar para o alto e preocupando-se apenas com os interesses mundanos, se dirige tão somente com a fraca luz de sua inteligência. No final da vida, verifica que perseguiu miragens enganadoras e já não tem mais forças nem tempo para retroceder.
O segundo viajante é o que espera achar o rumo através da filosofia e da opinião dos homens. Segue conselhos, faz esforços bem intencionados, porém tudo em vão, porque seus conselheiros são homens que apenas dizem: “Fazei assim”, e eles mesmos nunca empreenderam a heroica jornada.
Mas o terceiro viajante é o que lê atentamente a Sagrada Escritura, medita nos seus profundos ensinamentos, olha para o alto e obedece com fidelidade aos divinos preceitos. A despeito de toda a aridez da vida, não tarda a se encontrar no consolador oásis da fé e são as virtudes evangélicas que o levam, pela graça divina, à presença de Nosso Senhor Jesus Cristo.
E após uma pausa, concluiu:
- Vocês, meus caros jovens, querem um conselho meu? Pois bem, não desprezem esse roteiro, enquanto vocês estão fazendo suas jornadas pelo caminho da vida.