Muito tempo atrás, um anjo desceu do céu em sonho a um homem que era pobre, mas que sempre se mostrava fiel a Deus, e lhe perguntou:
- Meu amigo, o que tu queres?
O pobre homem respondeu, no sonho, para o anjo:
- Eu quero que seja feita a este humilde servo a vontade do meu Senhor. Que Ele me dê três filhos homens, porque a minha mulher não pode mais ter filhos e isso enche a mim e a ela de muita amargura.
Antes de se retirar, o anjo lhe disse:
- Pois que seja feita a vontade do meu Senhor. Neste instante, meu Senhor ouviu o teu pedido. E tua esposa conceberá o que tu desejas.
E a mulher do homem pariu três filhos: Salomão, o mais velho; Sansão, o do meio; e Absalão, o caçula. Todos os três filhos eram possuídos de poderes diferentes. Salomão tinha o poder da ciência das coisas. Era o mais sábio dos homens. Absalão possuía formosura e era o mais belo jovem de Israel. Já Sansão possuía uma grande força e, por isso, era considerado o mais forte homem da terra.
Salomão era tão sábio que, certa vez, pretendeu se tornar em pedaços. E deu ordens a seus escravos que o esquartejassem e, em seguida, colocassem todas as suas postas numa urna. E recomendou a seus escravos que abrissem a urna só quando chegasse o prazo que ele ia ordenar. Pois assim foi feito. Os servos obedeceram a Salomão.
Mas, depois de alguns segundos, os servos procuraram fazer uma abertura na urna, no momento em que o grande sábio ia botando no lugar o seu coração. E, por causa disso, Salomão morreu.
Já o outro moço, que era Absalão, vivia às escondidas, ou às carreiras, porque ele sabia que, se qualquer mulher olhasse para ele, logo ela se apaixonaria por ele loucamente.
Num certo dia, Absalão se encapuçou e resolveu ir rezar numa igreja. Aconteceu que não tardaram a descobrir o belo rapaz. Acabou Absalão morrendo de abraços e de muitos safanões.
Já o terceiro, que era Sansão, se mostrava tão forte que sozinho chegava a lutar contra um exército e o vencia. Por causa disso, Sansão arranjou um bocado de inimigos, mas só que eles nunca chegaram a vencê-lo. Então, para descobrirem o porquê de tão grande força, contrataram uma mulher para seduzir Sansão. Eles queriam descobrir que segredo havia no rapaz de possuir aquela força enorme.
A mulher que foi contratada pelos seus inimigos conseguiu ganhar a confiança de Sansão e, num dia em que estavam os dois sozinhos conversando, ela lhe perguntou se poderia existir um meio de Sansão perder a sua força e se tornar fraco.
Sem saber do que os seus inimigos lhe aprontavam e também confiando na mulher que se fazia de sua amiga, Sansão explicou para ela que só bastava lhe amarrar seus punhos com folhas de cebola. E a mulher pegou uma trança de folhas de cebola e amarrou os punhos de Sansão que, imediatamente, se livrou bem facilmente.
Sem se dar por vencida, a mulher insistiu em descobrir o segredo da força de Sansão. E o moço acabou lhe confessando que, se raspassem a sua cabeça, ele se tornaria um homem igual aos outros. E assim fez a mulher. Aproveitando o sono de Sansão, cortou os seus cabelos. Foi inútil, porque Sansão continuou forte e, ainda, riu por ter enganado a mulher.
Vendo-se tão humilhada por Sansão, a mulher mais uma vez não se deu por vencida. Pediu a Sansão tanto, tanto, suplicou e até chorou muito para que o rapaz dissesse o segredo de tamanha força. E, por fim, ouviu:
- Minha força, mulher, disse Sansão, está nos três fios de cabelos que possuo no umbigo. Eles são tão compridos que eu amarro ele, após três voltas, na minha cintura.
No outro dia, Sansão se acordou assustado e desesperado quando se viu sem os seus três longos fios de cabelo. E depressa os inimigos o amarraram de cordas e o prenderam.
Passaram-se dias e dias e o coitado de Sansão ficou entregue a trabalhos forçados. Enquanto isso, os seus inimigos planejavam, como vingança, um grande suplício. Só que, enquanto os inimigos de Sansão discutiam no templo deles, não perceberam que cresciam no umbigo de Sansão as pontas do cabelo.
Os meses se passaram. Um dia, Sansão sentiu renascer as suas forças. Partiu as suas algemas e se dirigiu para aquele local onde os seus inimigos planejavam como iriam fazer para acabar com a sua vida. E, de repente, com muita raiva, Sansão apoiou os seus ombros na parede do templo, que ficava à entrada da porta, e gritou bem alto:
- Morra Sansão e todos os que estão aqui dentro.
Sansão firmou os pés no solo, derreou o corpo e, com toda a força, empurrou a pilastra. Na hora, as paredes se fenderam, estalaram as vigas e ruiu o edifício. Deu-se um horrível estrondo. E morreram todos.