Naquele ano de sol, havia secado todos os rios daquela região. Só ficara apenas um poço de água. Aí, vendo aquilo, a onça logo pensou: “Agora eu pego mesmo a raposa. É só esperar que a tola venha beber, e pronto, vai pro meu papo”.
No outro dia, a raposa foi indo para o poço, a fim de beber água, porque estava com muita sede. Mas logo que viu a onça de longe, compreendeu, num instante, que ela estaria nas suas garras se chegasse à beira da água. Então, voltou para trás, pensando como iria fazer para beber água, porque estava cada vez mais e mais com sede.
Sua felicidade foi que, naquela mesma hora, a raposa viu uma mulher que vinha andando pelo caminho, trazendo um paneiro (cesto de vime com asas) e um pote de mel. A raposa logo se atirou ao chão e se fingiu de morta.
Ao chegar àquele ponto da estrada, a mulher viu a raposa e empurrou-a para o lado, seguindo seu caminho. Mas a raposa correu adiante e tornou a se deitar no caminho, fingindo-se de morta. A mesma mulher chegou, viu a raposa ali, empurrou-a para a beirada do caminho e continuou adiante.
Mais uma vez, a raposa repetiu a mesma manobra. Correu pelo mato e se deitou no caminho. E foi aí que, pela terceira vez, a mulher chegou e viu a raposa. Então disse:
- Ah, se eu tivesse pegado as outras duas, eu teria três raposas agora. Mas vale à pena só esta.
A mulher botou o pote de mel no chão, pôs a raposa dentro do paneiro e voltou para trás, a fim de apanhar as outras duas raposas. Mas a raposa, aproveitando-se da mulher ir buscar as outras duas raposas, se lambuzou o seu corpo de mel, depois se rolou por cima das folhas secas, transformando-se num bicho muito esquisito. E aí foi para a beirada da água, para bebê-la.
Quando estava bebendo toda satisfeita, molhou-se. E as folhas se despregaram do seu corpo. Foi aí que a onça, que vinha se aproximando do rio, viu aquilo e reconheceu-a logo. Mas, quando quis pular para pegar a sua presa, a raposa já tinha fugido.