Literatura do Folclore: Tereza Bicuda - conto

Certa vez, havia um homem, que era casado e tinha uma filha. Como a mulher dele morrera, o homem foi morar em casa de uma irmã, que não gostava nada da sobrinha. O homem saía todos os dias para trabalhar.

Depois de algum tempo, a tia da menina deu para virar um bicho enorme, todo preto e peludo. Isso era só  quando calculava que o irmão já estava bem longe de casa. Então, pulava para cima da menina, que começara a gritar pelo pai dizendo:

- Muzambê, muzamê, / Titi Maruê quer me comer!

A menina gritava, gritava, até o pai ouvir e voltar. Quando o irmão ia chegando perto de casa, a mulher se desencantava depressa e lhe dizia que era tudo mentira da sobrinha. O homem, então ralhava, muito com a filha. E, até muitas vezes, dava-lhe uma palmadas.

Um dia, já meio desconfiado, disse a si mesmo: “Eu hoje hei de ver se isso é verdade dessa menina”.

Saiu, então, com a espingarda carregada. E se escondeu no mato, perto de casa. Nesse mesmo instante, a tia malvada estava pensando: “Eu hoje hei de comê-la, haja o que houver”.

Deixou passar uma porção de tempo, depois da saída do irmão, para que, se a menina o chamasse, ele nada ouvisse. Depois, virou aquele bichão, dando um grande pulo, para pegar a pobrezinha. Mas a menina, prevenida, correu pela porta a fora, gritando, como de costume. E o bicho atrás, danado para botar-lhe as unhas e engoli-la.

A menina não teve outro jeito, senão subir uma árvore, para escapar da fera, que se abraçou ao tronco, furiosa, e pôs-se a balançá-lo com força, para ver se a menina caía. No entanto, a menina estava agarrada lá em cima que nem carrapato.

Vendo que a garota não despencava, o bicho começou a cavar a terra, em torno da árvore, cortando-lhe as raízes com unha e dentes.

O homem, ouvindo os gritos desesperados da sua filhinha, veio vindo pé ante pé. Foi quando viu aquele bicho medonho. E ficou de cabelos arrepiados. Imediatamente, deu-lhe um tiro e matou-o, salvando a sua filhinha.


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