Literatura do Folclore: Três comedores - conto

Andavam três irmãos pelo mundo. Eles três desejavam se desenganar qual deles comia mais. Todos os que já uma vez lhes tinham dado agasalho, não os queriam mais de jeito nenhum os aceitar em casa. Então, eles foram à casa de um lavrador. Pediram rancho, e lhes foi dado. E, depois, perguntaram o que havia lá para cear. Aí o dono da casa perguntou o que eles queriam para cear. E eles lhe responderam:

- Nós queremos um boi, dois porcos e três carneiros.

O lavrador ficou muito admirado e lhes perguntou:

- Mas isso tudo é só para a ceia de vocês?

Responderam-lhe:

- Ora, ora, isso mal chega para o buraco de um dente.

O lavrador então lhes deu a ceia pedida. E eles a devoraram todinha. E, ainda, lhe pediram o caldo que tinha ficado nas panelas. Vendo, assim, o lavrador que esses tais hóspedes, em poucos dias, iriam deixá-lo sem uma só cabeça de criação no cercado, foi numa carreira só à presença do rei e lhe disse nervoso:

- Fique sabendo, rei meu senhor, que eu tenho lá na minha casa três mecânicos que me disseram que eram capazes de devorar toda a comida que o rei, meu senhor, dá por dia aos seus soldados.

Logo o rei mandou buscá-los. E com uma condição: se eles três não comessem, morreriam na hora. Mas, se eles três comessem, iriam ganhar uma grande riqueza.

Aí se apresentaram os três comilões diante do rei. E o rei, ainda duvidando daquela história, perguntou se era verdade o que o que o lavrador lhe tinha dito. Ao que eles três, ao mesmo tempo, responderam ao rei:

- Fique sabendo, vossa majestade, que uma coisa dessa da nossa boca nunca ia sair não. Mas se o bom rei, nosso senhor, quer ver, assim seja.

Ordenou o rei que, no outro dia, se fizesse comida para mais mil soldados. E, assim, a ordem foi cumprida. Em seguida, levaram os três para o quartel, acompanhados do rei e os seus conselheiros. Todos se puseram, rezando depressa, porque já imaginavam os três já mortos. Mas, dentro de meia hora, os três acabaram com toda a comida que havia. E, ainda, tiveram a coragem de dizer para o rei:

- Saiba, rei meu senhor, que, se o senhor quiser nos dar mais tarde a ceia, que seja ela em maior porção do que essa do jantar que acabamos de comer.

O rei, muito admirado, ordenou que fossem mortos dez porcos, cinco bois e doze carneiros, para a ceia. Depois, perguntou para eles qual deles comia mais. Respondeu ao rei, de imediato, o mais moço que ainda não se sabia, mas que eles três desconfiavam ser ele. Então, o rei mandou matar trinta bois, dando dez a cada um. E o mais moço achou pouco, e lhe pediu quinze, por ser ele aquele que costumava comer quando tinha pouca fome. Foi aí que o rei fez como eles lhe disseram. E, assim, tudo foi devorado.

Acabado isso, o rei lhes perguntou o que é que eles desejavam mais. Todos lhe responderam:

- Dinheiro, meu bom rei, meu senhor. Dinheiro que chegue para nós três comermos toda a nossa vida.

- Pois sendo assim, concluiu o rei, que seja feita a vossa vontade. Vocês vão ter a renda de treze cidades e o gado de todo o meu reino.

Depois que o rei disse isso, os três lhe responderam:

- Foi nossa felicidade achar quem nos desse de comer, apesar de que tudo ainda é pouco.

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