Literatura do Folclore: Uma história alegre - conto

Havia, uma vez, perto de Toender, um vigário de aldeia muito avarento. Nunca ele dava presentes a quem quer que fosse. Um dia, durante a ceifa do feno, contratou, para o seu serviço, um rapaz. Seria esse o primeiro dos segadores.

De noite, acompanhado de outros três rapazes, rumou ele para o campo. Mal chegou, disse aos três:

- Agora não vale a pena ceifar. Vamos comer enquanto temos alguma coisa. Depois, dormiremos.

Os amigos fizeram o que ele aconselhara. Muito alegres, depois de comer, deitaram-se debaixo da carroça e adormeceram.

Ao acordarem de manhã, achou o primeiro, outra vez, que não valia a pena iniciar o trabalho. E para eliminar as objeções dos companheiros, assumiu toda e qualquer responsabilidade. Comeram o que restava e passaram horas muito alegres, até o momento de suas refeições. Acomodaram-se, então, na carroça e rumaram para casa. Mas temiam o patrão, pois voltavam sem ter feito coisa nenhuma. O rapaz assegurou-lhes que não deveriam ter medo, que ele daria um jeito. 

No caminho, passaram por um lugar onde se reuniam estercoreiros (nome comum dado aos besouros que se criam no esterco, particularmente as espécies de Escarabeídeos, a que chamam também de rola-bosta.). O rapaz deu ordem de parar. Saltou da carroça e, com os estercoreiros, encheu de comida o cesto. Finalmente, chegaram a casa. E o cura saiu-lhes ao encontro. Ficara combinado que o rapaz falara por todos.

- E então? - perguntou-lhe o vigário. - Ceifaram o campo todo?

- Claro, retrucou o criado. - No caminho, achei alguma coisa que gostaria que me fosse cedida.

- Realmente, meu filho? De que se trata?

- De uma colmeia de abelhas, meu pai.

- Oh, que bom. Certamente, são as minhas que fugiram.

- Peço-lhe licença ao senhor para eu ficar com elas.

- De jeito nenhum, meu filho.

- Por favor, o senhor, seu padre, bem que poderia me dar a colmeia de presente.

- Mais uma vez, eu lhe digo: de jeito nenhum. E onde estão? Eu quero tê-las comigo, depressa.

- Bem, retrucou o rapaz, já que o senhor as quer, elas estão no cesto de comida. Mas, por que o senhor não quer me dar? Foi eu que as achei afinal. E não passo de um pobretão…

- Mas elas são minhas, advertiu ao rapaz o padre.

- Ah, quer dizer que não quer me dá mesmo? Pois então, que elas se transformem todas em estercoreiros. E que todo o feno que ceifamos volte para as suas raízes.

O cura apoderou-se da colmeia afoito. E abriu-a. Mas só viu, diante dele, estercoreiros. Temendo, então, pelo feno, mandou outro criado verificá-lo.

O criado depressa correu. E, ao chegar lá, notou que o feno agitava os talos que, durante a noite, haviam estado deitados. Voltando, gritou para o vigário, ainda de longe:

- Senhor cura, senhor cura. Os talos estão novamente de pé.

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