Ao conversar com o corretor de imóveis de Juazeiro do Norte, na calçada de frente ao estacionamento, ele me informou que vendera o imóvel de família tradicional da cidade. Nem bem terminou a venda, a tal residência foi demolida e se tornou estacionamento de carro e moto. E me apontou o estacionamento, diante de nós dois.
Logo, o
corretor me revelou a sua insatisfação pela derrubada daquela mansão famosa. No
entanto, mudou a sua opinião:
- Juazeiro
tem que crescer. E eu ganhei o meu dinheiro.
Na sua
ambição e ignorância, o corretor completou: “Aqui é a cidade que mais cresce no
Ceará. Estacionamento representa progresso, com P maiúsculo”. Ele é daqueles
que o progresso não se pode nem se deve pará-lo. E em JN há milhares desses indivíduos
progressistas, modernistas. Completou ele: “Quem comprou foi para
ganhar dinheiro e não para conservar o passado. Passado só pra museu”.
Para o
corretor diante de mim, único caso que o deixou triste foi a mansão não ter
sido vendida para a Prefeitura torná-la um cento de cultura, ou uma ONG,
subsidiada pelo Estado. E já me quis encompridar conversa, ou intenção de
propagar a sua ideologia sem pé nem cabeça.
Em JN, não se empenham em esclarecer tradição, nem saber explanar que conservar
não significa só guardar. A maldição de Cupido parece que está ocorrendo no Município:
“Aqueles que trocam velhos amores por novos amores, / Queiram os deuses que não
troquem para algo pior”.
JN. Dantas de Sousa, Eurides.