O leitor acabou de ler o título e decide testar
se há afinidade com esta crônica. Leia-me: Não tire apressado nenhuma conclusão.
Aliás, texto literário, para ser crônica, nem toda semente se destinará a sê-la.
Há instantes muito na sociedade. O escritor ouve o fato e se fermenta de
criatividade, coerência e coesão, Ao reler a crônica, aprimora correções de
gramática, penteia expressões linguísticas. Por isso é que, na maldição do progresso, caminha-se para a
morte da cultura.
Ao
conversar com um corretor de imóveis de Juazeiro do Norte, na calçada do
estacionamento, ele me informou que vendera um imóvel de uma família
tradicional da cidade. Nem bem terminou a venda, a tal residência foi demolida
e se tornou estacionamento de carro e moto. E me apontou o estacionamento, diante de nós dois.
Logo, o
corretor me revelou a sua insatisfação pela derrubada daquela mansão famosa. No
entanto, mudou a sua opinião:
- Juazeiro
tem que crescer. E eu ganhei o meu.
Na sua
ambição e ignorância, o corretor completou: “Aqui é a cidade que mais cresce no
Ceará. Estacionamento representa o progresso, com P maiúsculo”. Ele é daqueles
que o progresso não se pode nem se deve pará-lo. E em JN há milhares desses indivíduos
progressistas, revolucionários, modernistas. Completou ele: “Quem comprou foi para
ganhar dinheiro e não para conservar o passado. Passado só para museu”.
Para o
corretor diante de mim, único caso que o deixou triste foi a mansão não ter
sido vendida para a Prefeitura torná-la um cento de cultura, ou uma ONG,
subsidiada pelo Estado... E já me quis encompridar conversa, ou intenção de
propagar a sua ideologia materialista e sem pé nem cabeça.
Aquele
corretor jogou JN em direção a um precipício. Se houvesse, pois, o
conservadorismo a atuar em JN, como modelo, forma e estilo de pensar, administradores
e cidadãos conservadores saberiam obedecer à lei universal de mudança. Aliás,
em JN, não se empenham em esclarecer tradição, nem saber explanar que conservar
não significa só guardar. A maldição de Cupido parece que está ocorrendo aqui:
“Aqueles que trocam velhos amores por novos amores, / Queiram os deuses que não
troquem para algo pior”.
Maldição do progresso leva a morte da cultura.
JN. Dantas de Sousa, Eurides.