Conversa em bar 2 (Dantas de Sousa) - crônica

    Ocorreu este diálogo, em poema, no Bodega Bar, no Carité, em tarde de sábado. O dono da bodega, enquanto esperava assar o pedaço de carne e duas linguiças, foi quem começou:

"Aqui é o meu Bodega Bar
só bebe nele quem pagar. 
Se bonecar 
o pé do ouvido vai se encharcar 
e, de Ronda, vai passear. 
Mas se chegar
e atontado não ficar 
qualquer um pode se alegrar."

    Luís Oliveira Lima, mais conhecido como LOL, magrinho, gozador tempo todo, pandeirista e metido a improvisador de cantoria, revidou o dono do bar, para surpresa de nós fregueses:

"Com todas as consequências  
você num tem o alvará. 
E eu não vou mais a fundo
pra gente terminar não brigar.
Enquanto estou bambo aqui 
hoje a bebida não vou te pagar.
    
    E o dono do bar nem se esquentou. Já conhecia as marmotas do LOL. Aliás, o ébrio distraía os fregueses com suas tiradas e com as suas presepadas. Sem sair da churrasqueira, o dono do comércio mandou outra de suas rajadas de volta:

"Eu ainda vou me estirar: 
magro e pobre não pode me caçoar. 
No meu bar, quem de pé mijar 
não pode querer se amostrar. 
E o meu negócio é só trabalhar 
para dos bestas o "cacau* tomar.

No Bodega Bar, poucos minutos de silêncio foram momentos raros. Para animar o local, o proprietário fez a FM voltar a tocar.
 
(Ronda = carro de polícia; cacau = dinheiro) 

JN. Dantas de Sousa, Eurides.

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