A gente, criança, via pé, perna,
entre cardume de piabas na correnteza.
Até no verão a gente pulava da ponte,
longe de nossas mães, até pele se escurecer.
Era rápido, tão forte, Rio Salgadinho.
Espuma de sabão das lavadeiras levava.
Nas margens, floria plantação e matagal,
Numa abastança da gente se admirar.
Hoje, para onde corre Rio Salgadinho,
pois que se vê, há muito não corre mais.não.
Barquinhos de papel não mais deslizam
pelas águas do rio, até desaparecerem.
Aquele rio Salgadinho, doce e mansinho,
derribador de barreira, arrastador de ponte...
não dá, amigo, aqui eu versejar lirismo,
em agonia de rio moribundo, pútrido leito.
derribador de barreira, arrastador de ponte...
não dá, amigo, aqui eu versejar lirismo,
em agonia de rio moribundo, pútrido leito.
JN. Dantas de Sousa, Eurides
* (Rio Salgadinho - atravessa o município de Juazeiro do Norte - CE)