Silêncio. Ouço a voz. Por ela, conheço palavras proferidas a você. Aprende-se quem melhor permanece em silêncio. Dou-lhe o dom a ser recebido e repartido por você.
Há diferença entre valor e utilidade. Palavras podem curar? Podem. Elas nos livram de dependência? Podem. Somos curados, defendidos, protegidos por elas. São vozes e podemos ouvi-las no silêncio do nosso ser. Propriedade nossa são elas. E nos a elas apegamos, sem ilusão da possessividade.
No
centro de cada eu, palavras estão. A liberdade de ouvi-las cresce na solidão.
Escuta-se nitidamente a voz me dizer: vida, sem haver local solitário, sem
haver centro tranquilo, com facilidade tende a se tornar destruidora.
Assim,
no silêncio e na solidão, no silêncio da solidão, ou na solidão do silêncio,
conscientizamo-nos da diferença entre o valor e a utilidade nossa. Ah, ser é
mais importante do ter. Para que tanto esforço de levar o mundo a sério? Ouça atentamente
a voz, pois todas as palavras, através da fé, vêm do Pai Eterno.
JN. Dantas de Sousa, Eurides