Vida seca (Dantas de Sousa) - poema

O chão, molhado de desilusões,
tarefa de dias e dias incansáveis,
rasga-lhe o coração.

Pedir ao vento resignação,
como se isso transformasse 
o tempo num copo d’água, 
verde ilusão.

Morrer, então?
Não é fácil morrer 
quem nunca viveu.
A terra, morada de vermes,
lhe seca todas as esperanças.

Para onde mudou-se o rio?
O mar tão longe, e as nuvens
fugindo. Eterno fugir.
A vista alonga-se nas pedras,
tumores espalhados pelo sertão.

Só dores, gemidos de gente.
Rezas são aboios de fé.
Para se viver nesta terra,
afastar os garranchos
que se enlaçam vida afora.

O som do trovão ecoou ao longe,
riscando no céu o nome Mudança.
Mas o céu tão longe se emudece,
arrodeado de estrelas.

Sofrer. De dia, de noite, a esperar
o punhado de sementes,
embriões já marcados de fatalidade.

Mudança é o passo do migrante
à procura de outras terras.

JN. Dantas de Sousa, Eurides

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