tarefa de dias e dias incansáveis,
rasga-lhe o coração.
Pedir ao vento resignação,
como se isso transformasse
o tempo num copo d’água,
verde ilusão.
Morrer, então?
Não é fácil morrer
quem nunca viveu.
A terra, morada de vermes,
lhe seca todas as esperanças.
Para onde mudou-se o rio?
O mar tão longe, e as nuvens
fugindo. Eterno fugir.
A vista alonga-se nas pedras,
tumores espalhados pelo sertão.
Só dores, gemidos de gente.
Rezas são aboios de fé.
Para se viver nesta terra,
afastar os garranchos
que se enlaçam vida afora.
O som do trovão ecoou ao longe,
riscando no céu o nome Mudança.
Mas o céu tão longe se emudece,
arrodeado de estrelas.
Sofrer. De dia, de noite, a esperar
o punhado de sementes,
embriões já marcados de fatalidade.
Mudança é o passo do migrante
à procura de outras terras.
JN. Dantas de Sousa, Eurides